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Não fosse o prefeito de Conceição do Mato Dentro, o ex-deputado federal José Fernando de Oliveira, filho de José Aparecido de Oliveira, a se indignar, talvez, a ideia de um parlamentar de abolir o feriado do 21 de abril prosperasse. E tal proposta representa uma agressão a um símbolo de Minas e da liberdade no Brasil.
A data tem imenso significado para os brasileiros. JK escolheu o dia para inaugurar a nova capital, Brasília, para fixar na cidade o compromisso com a liberdade e a brasilidade. Foi o dia em que Deus escolheu para pôr fim ao martírio de Tancredo Neves, chamando-o para seu convívio.
JK aceitou duas sugestões de meu avô, Augusto de Lima Junior, e criou a Medalha da Inconfidência, da qual ele foi o primeiro chanceler, e a transferência, no 21 de abril, da capital de Minas para Ouro Preto, com festejos de repercussão cívica e política nacional.
Essa ameaça, que, certamente, não prosperará, me traz à lembrança a tarde em que fui ao Palácio Laranjeiras no Rio, acompanhando meu avô, que tinha audiência marcada como presidente Castelo Branco, levando a ideia do decreto-lei que tornaria Tiradentes Patrono Cívico do Brasil. Meu avô saiu eufórico do gabinete presidencial, tendo encontrado receptividade no presidente, viúvo de mineira de família ilustre, os Vianna, que ficou com as minutas levadas. Baixado o decreto, aprovado pelo Congresso Nacional, deu origem a Lei 4.867, de 9 de dezembro de 1965. A mesma lei faz do Alferes patrono das Polícias Militares do Brasil. Quem o acompanhou na ocasião foi seu amigo General Ademar de Queirós e eu, um jovem de 20 anos incompletos, fiquei na antessala.
Não se sabe o que pode inspirar ideias infelizes como esta, que sabidamente despertaria protestos. O parlamentar de primeiro mandato e promissor foi infeliz e, em homenagem ao nome que carrega, omitirei identidade aqui, na certeza de que ele vai retirar a proposta.
Na verdade, ou a iniciativa foi esquecida, considerando a pandemia, ou realmente ocorreu uma grave omissão da sociedade mineira como um todo, desperta pela reação firme e corajosa do prefeito da pequena, mas heroica e histórica Conceição do Mato Dentro.
Tenho me batido aqui, nestas páginas de alto teor de mineiridade e liberdade, pela valorização dos políticos da nova geração que herdaram grandes exemplos na vida pública em seus maiores. É que carregam no sangue este compromisso superior não apenas com a busca de soluções para problemas atuais, que angustiam o povo mineiro, mas também cultuam as tradições que nos legaram exemplos de amor ao Brasil e à causa da liberdade. A bancada federal é rica destes exemplos, como Paulo Abi-Ackel, Aécio Neves Cunha, Bilac Pinto ,Rodrigo de Castro, Newton Cardoso, Lafayette de Andrada.Na estadual Agostinho Patrus, Doorgal Andrada – há mais de dois séculos – Raul Belém e Gustavo Vasconcellos, entre os bons exemplos.
Ficamos a dever a José Fernando esta reação e, in memoriam, a seu pai, José Aparecido de Oliveira, que fez de sua vida um apostolado no culto da história de Minas Gerais, na preservação de seu patrimônio histórico, arquitetônico, artístico e cultural.
Os bons não morrem!!!