Quando JK definiu a mudança da capital para o Centro-Oeste e fez da construção de Brasília sua meta síntese, foi pensando não apenas no Brasil que o elegera, mas também, e talvez principalmente, na sua Minas, que lhe conduziu a mais alta posição da República.
Francisco Negrão de Lima, com quem tive a honra de privar e servir no governo do então Estado da Guanabara, numa das conversas que encantava um grupo de auxiliares – do qual eu fazia parte com meus colegas e amigos Carlos Chagas e Sergio Guimarães –, contava que JK, depois da promessa feita em praça pública, em Goiás, ainda em campanha, reafirmava que cumpriria o que prometera. No comício, de obedecer o preceito constitucional que previa a mudança da capital. E, impressionado ele mesmo com o inesperado compromisso assumido, começou a conjecturar sobre o tema nas conversas de fim de noite na campanha eleitoral, da qual o coordenador-geral era Negrão de Lima.
Criativo, de imaginação fértil, via, no projeto, Minas cortada pelas estradas de ligação da nova capital com o Rio de Janeiro e São Paulo. Previa o desenvolvimento do triângulo mineiro, que seria a rota dos novos bandeirantes, Belo Horizonte, como a capital no centro da riqueza nacional, que tinha como pontas o Rio, São Paulo e, no futuro, o Centro-Oeste. E a presença mineira na capital, em termos de população, que só seria superada pela dos goianos.
O suceder de crises em nossa economia nos últimos 16 anos congelou de certa maneira o crescimento de Minas, aproveitando todo o potencial previsto pelo saudoso estadista. Minas vem crescendo, mas só nas suas tradicionais atividades econômicas: mineração, metalurgia e, agora, na vigorosa agricultura. Mas parou na atração de investimentos industriais importantes, perdendo terreno, inclusive, para Goiás, que criou polos de referência na indústria farmacêutica, no agronegócio e no setor automotivo.
Agora, na retomada do crescimento nacional que se avizinha, é a oportunidade passando de novo. Teste para a criatividade do empresário agora Governador Romeu Zema, desafio para a bancada mineira e a oportunidade para o ministro Paulo Guedes renovar sua mineiridade.
Há muito a ser explorado, basta vontade política, poder de sedução e confiança no futuro do país. E o grande desafio de emagrecer os quadros estaduais, inchados e ineficientes .