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O grande cientista, inventor, político e nobre italiano Guglielmo Marconi, Prêmio Nobel de Física em 1909, teve uma homenagem vetada nos EUA depois de uma matéria do New York Times dando conta de seu passado de amigo e companheiro de Mussolini. O jornal se esqueceu que na ocasião eram muitos os americanos ilustres que admiravam o governante que colocou a Itália em ordem e no progresso, dono do reconhecimento da imensa colônia italiana no país, em especial em Nova York, então a segunda cidade em população italiana.
O notável, que recebeu do Rei Vítor Emanuel III o título de Marquês de Marconi, morreu em 1937, muito antes da II Guerra Mundial. Foi senador, partidário e amigo pessoal do Duce, que, até o acordo com Hitler, tinha admiradores no que havia de melhor no mundo ocidental. Seu compromisso com a latinidade o fez mergulhar de forma decisiva na Guerra Civil de Espanha, com armas, aviões e 20 mil homens. Foram os aviões italianos que tornaram possível o desembarque do exército democrata oriundo do Marrocos. Não seria exagero considerar que sem o Duce a Pensinsula Ibérica teria passado meio século cativa da URSS. A história registra ainda que em 1935 manteve entrevista com Mussolini ocasião em que ponderou dos perigos com uma aproximação maior com Hitler. Marconi morreu em 1937.
O homem que criou o telégrafo sem fio e a radiodifusão no mundo, homenageado por todos, era de forte formação religiosa, católico de referência, amigo do Papa Pio XI. Consta que, como senador e católico, acompanhou de perto as negociações para a criação do Estado do Vaticano, o Acordo de Latrão, assinado entre a Itália e a Igreja Católica. Ao lado do Papa, participou da solenidade em que apertou o botão, em Nápoles, para inaugurar a iluminação do Corcovado, no Rio de Janeiro, em 1931. Mais ou menos na mesma época, fez igual em monumento na Austrália. Em 1931 fundou a Rádio Vaticano.
Esteve em visita ao Brasil em 1925 e 1935, com várias emissoras de rádio em funcionamento, muitas com seu nome. Foi sugestão sua o decreto do presidente Vargas permitindo a veiculação comercial de anúncios nas rádios, o que provocou o rápido crescimento da radiodifusão no Brasil.
Portugal esteve em seu roteiro, tendo visitado o país por três vezes, em 1912, 1920 e 1929, na criação da ligação da metrópole com os estados ultramarinos em África e as ilhas da Madeira e Açores. Em 1925, figurava como acionista da empresa Companhia Portuguesa Rádio Marconi, que por décadas atuou no país. A radiodifusão, entretanto, tanto no Brasil como em Portugal, surgiu com força na primeira metade dos anos 30. Bem depois da Inglaterra e da Alemanha.
Nos dias de hoje, de caça às bruxas, ninguém escapa à política de apagar da memória histórica todos os que combateram contra o totalitarismo comunista. Mesmo um benfeitor da humanidade como Guglielmo Marconi.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 14/09/24