A democracia vai ficando mais madura e já se começa a poder falar livremente sobre o movimento civil-militar de 1964, que afastou o presidente João Goulart. O processo foi deflagrado pelo então governador de Minas, Magalhães Pinto, e logo apoiado pelos de São Paulo, Adhemar de Barros, Guanabara, Carlos Lacerda, Paraná, Nei Braga, e do Rio Grande do Sul, Ildo Meneghetti, entre outros, além do apoio das guarnições federais. Sem nenhuma resistência, diga se de passagem.
O Congresso Nacional declarou o cargo vago, com a fuga do presidente para o Uruguai. E foi o mesmo Congresso que elegeu o Marechal Castelo Branco presidente e o deputado José Maria Alckmin, vice. Na eleição, o senador JK, reconhecido como democrata acima de tudo, votou no Marechal Castelo. Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Franco Montoro, e outros. que discordavam dos acontecimentos, estavam presentes e apoiaram outro candidato militar.
Ao se fazer uma análise do período, são destaques inquestionáveis a probidade e desprendimento dos chefes militares, que obedeceram ao calendário e promoveram o rodízio no poder. Nenhum deixou filhos ricos nem se deixou envolver por amizades ou alianças controvertidas. O tempo e as viúvas se encarregaram de desmentir eventuais dúvidas em relação a este ou aquele.
Os civis que ocuparam cargos de alta relevância podiam não ser bons de votos, mas eram eficientes, decentes e respeitados. A lista é grande, mas alguns são conhecidos das forças vivas da sociedade até hoje, como Roberto Campos, Gouvêa de Bulhões, Mário Henrique Simonsen, Ernani Galveas e João Paulo dos Reis Veloso, na área econômica. E mais: Luiz Gonzaga do Nascimento e Silva, Hélio Beltrão, Mário Behring, Raimundo de Brito, Leonel Miranda, Rondon Pacheco, Marco Maciel, a professora Esther de Figueiredo Ferraz (primeira mulher ministra no Brasil), João Camilo Pena e Antônio Dias Leite, num suceder de gente honrada e competente.
Os militares revelaram homens de vocação para os grandes feitos, como Mário Andreazza, César Cals, Jarbas Passarinho, José Carlos de Azevedo, Rubem Ludwig.
Veio a tal luta armada, houve embates, sequestros, assaltos, violência, que gera violência. Mas isso são detalhes e não muito diferentes dos que ocorrem hoje nos embates das forças de segurança com os infratores. Na verdade, a Revolução foi maior do que as operações policiais contra o terrorismo.