O grupo de eleitores incondicionais do presidente Bolsonaro, apesar da lealdade cega, vem gerando significativa perda de votos, o que pode ser fatal numa eleição majoritária.
Para se reeleger, o presidente precisa agregar a seu núcleo os que podem votar nele por opção, fugindo a tentação do nulo, branco ou abstenção. Para tal, Bolsonaro poderia moderar o seu palavreado e a geração de atritos, pois a chamada maioria silenciosa, majoritária nas classes médias, prefere moderação e austeridade. Melhorando seu comportamento, certamente, não perderá votos no seu grupo e pode ganhar naqueles que admitem votar nele, apesar de restrições.
Nas redes sociais, tem sido comum os equivocados partidários do presidente justificar seus destemperos afirmando “que é isso mesmo, foi eleito assim e nós gostamos dele assim. O presidente não é educado, mas é bom presidente”. Ora, isso limita, confina o eleitorado aos que aplaudem uma postura que parece sofrer críticas entre prováveis eleitores. Os partidários de Lula não reclamam de um comportamento assim, pois, na maioria, são os “alternativos”, pessoas que dão pouco valor a liturgia do cargo, aos protocolos do poder.
Agora, com a candidatura da senadora Simone Tebet, que pode chegar a uns 12%, Lula vai ficar quieto e mandar os seus correligionários não criticarem a candidata da terceira via. Espera seus votos no segundo turno. Mas, ao que tudo indica, os militantes bolsonaristas começarão a atirar na candidata, jogando seus eleitores nos braços de Lula. Inacreditável!
A sorte do presidente é que seus opositores também se portam de maneira indigna, cheios de ódio, acusando o presidente negligente na pandemia, mas com excelente trabalho do governo na vacinação, de “genocida”. Outros falam em corrupção, diante de um contraste em que o que pode estar ocorrendo hoje é coisa para tribunais de pequenas causas perto do que assistimos nos anos PT e até no governo Temer, que foi bom presidente na orientação, mas cercado do que existe de pior na nossa política. Vide Geddel.
Que falta fazem os verdadeiros políticos!
Publicado em: Correio da Manhã 17-06-22