A confusão política que o Brasil vem vivendo nos últimos dois anos relegou ao esquecimento eventos de relevância que estão comemorando seu centenário Uma dato que justifica ser lembrada.
O primeiro foi a histórica viagem do Rei Leopoldo II da Bélgica, em 1920, de quase um mês e que foi a primeira de um monarca europeu à América do Sul. O rei estava acompanhado da Rainha Elizabeth e, em parte da viagem, do filho e futuro rei, Leopoldo III. A viagem ao Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo foi marcada por manifestações populares significativas. Os anfitriões foram o presidente Epitácio Pessoa e, em Minas e em São Paulo, os seus respectivos governadores, Arthur Bernardes e Washington Luiz, futuros presidentes do Brasil.
Os reis belgas visitaram as mais importantes instituições brasileiras, como o Instituto Oswaldo Cruz, onde foi recebido pelo grande cientista brasileiro Carlos Chagas, o Instituto Butantan, em São Paulo. Hoje, no primeiro, fabrica-se a vacina da AstraZeneca e, no segundo, a Coronavac – e onde também será feita a primeira vacina brasileira contra o coronavírus, a Butanvac. No Senado, no Rio, foi saudado pelo ilustre brasileiro Ruy Barbosa.
A visita ficou na vida do Rio de Janeiro pelo busto do rei na praia de Ipanema e na avenida que liga Copacabana a bairro com o nome de Rainha Elizabeth da Bélgica. Em Minas, lançou o início da primeira siderúrgica brasileira, a Companhia Belgo Mineira, hoje da ArcelorMittal. O rei, nos 15 dias que ficou no Rio, tomava banho de mar todos os dias em Copacabana. E ainda visitou o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, a mais antiga instituição cultural do Brasil, fundado pelo Imperador Pedro II.
Outro evento que passa despercebido é a visita do Conde D’Eu, Gastão de Orleans, ao Brasil, em 1921, quando foi homenageado pelo Exército e a Marinha. O genro de Pedro II foi o comandante das forças brasileiras no final do Guerra do Paraguai. O Conde voltou ao Brasil, em 1922, para o centenário da Independência, tendo morrido a bordo, antes de chegar ao Rio.
Ano que vem teremos os 200 anos da Independência e nada foi programado. A comissão criada pelo presidente Bolsonaro nunca se reuniu e já teve renúncias não substituídas. Também, em 2022, há o centenário da Semana da Arte Moderna, evento marcante na cultura brasileira, que terá programação do setor privado. A República não anda muito interessada na história.
Já a monarquia mantém seu alto nível. A Família Imperial mantém relevância na nobreza europeia, sendo que dois de nossos príncipes, D. Eleonora e D. Antônio, este o herdeiro na linha sucessória, pois os irmãos são solteiros, são casados com dois príncipes de Ligne, da Bélgica.
Outro fato relevante na história de Portugal e do Brasil foram os 200 anos do regresso de D. João VI a Lisboa, em 1821. Que mudou a história dos dois países.
O culto da História, das famílias relevantes na nobreza e na aristocracia sobrevive pela dedicação de estudiosos anônimos, sinceros, como Ted Machado, no Brasil, e Ibsen Noronha, em Portugal.
País sem memória é país sem história E isso não é bom.
Aliás, está entre as prioridades das esquerdas apagar a história. Brasil querendo culpar a escravidão, que foi mundial a se tempo e Portugal desmerecendo os descobrimentos a ponto de gerar polêmicas sobre a oportunidade de um museu sobre o tema.
Publicado em: jornal Diabo/Portugal 20-08-2021