Ronaldo Gomlevsky é um empresário e jornalista israelita, que edita a mais antiga publicação dos judeus na América Latina, a revista Menorah, que tem um programa de televisão e um de rádio. Gomlevsky foi vereador no Rio e é influente no Flamengo, o clube mais popular do Brasil.
Em suas andanças pelo mundo, esteve há pouco em Portugal, visitando sinagogas, sentindo um ressurgir dos judeus portugueses, até há pouco muito discretos, e fez um documentário sobre inquisição, judeus e cristãos novos em Portugal, que foi exibido no Centro Israelita Brasileiro, no Rio de Janeiro, na quinta-feira, 3 de outubro.
Os judeus sefarditas brasileiros estão buscando a cidadania portuguesa com base em lei de 2005, que abriu esta possibilidade, já aproveitada por mais de dois mil judeus. A Espanha, desde o início do século passado, já garantia passaporte aos sefarditas, em lei do General Primo de Rivera e que foi a justificativa que Franco deu a Hitler pela entrega de dezenas de milhares de passaportes espanhóis para judeus de toda a Europa ocupada pelos alemães.
A ideia de que os primeiros portugueses a virem para o Brasil teriam sido justamente os judeus que não quiseram aceitar a conversão determinada por D. Manuel – origem dos chamados “marranos”, judeus convertidos, mas que guardaram por gerações lembranças judaicas – ganha força, o que permitiu essa presença cultural até os dias de hoje. Nesta nova imigração brasileira, adquirindo imóveis em Lisboa, e mesmo entre empreendedores do imobiliário, a presença de judeus de São Paulo, Rio e Minas é percebida.
Segundo pesquisa de Gomlevsky, a realeza portuguesa tem sangue israelita, desde que D. João I teve dois filhos com a filha de um sapateiro de Vieiros, conhecido como Barbadão, que era casado com uma judia.. Um dos filhos, Afonso, que herdou muitas terras do pai, casou-se com Beatriz, filha de Nuno Alves Pereira e sua herdeira universal. D. Afonso foi o fundador do Ducado de Bragança, que, na quarta geração, deu a Portugal, na restauração, D.João IV. Lembra que, talvez, estivesse aí a curiosidade do Imperador Pedro II do Brasil em conhecer Jerusalém, que visitou por duas vezes, e estudar o hebraico, que falava e lia muito bem.
Os judeus no Brasil, hoje, são pouco mais de cem mil, mas com destaque na vida nacional. O presidente do Senado, David Alcolumbre, tem origem judaica, assim com alguns dos maiores empresários, como os Klabin, Steinbruch, Adler, Klein, Safra, Rabinovitch, Silvio Santos, Feffer e Lafer. No meio artístico e intelectual, destacam-se nomes como Clarice Lispector, Adolpho Bloch, Arnaldo Niskier, Luciano Huck, Claudia Ohana, Deborah Bloch, Arnaldo Cohen e Boris Casoy. E, na medicina, estão entre os melhores em diversas especialidades.
Um dos maiores empresários do Brasil, que controla mais de dois mil autocarros, inclusive interestaduais de alto luxo, com quatro eixos, que não existem na Europa, é Jacob Barata, também importante no ramo em Portugal, onde também possui quase dez hotéis de quatro e cinco estrelas em Lisboa – Fenix – e Porto.
Os sefarditas estiveram muito presentes na Península Ibérica e no Marrocos, origem, aliás, de muitas famílias israelitas brasileiras. O passado judaico de Portugal é mais presente em Belmonte, Guarda, Trancoso, Lisboa e Porto
João Paulo II visitou Israel e denominou os judeus “como irmãos mais velhos”.