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Continuando o tema da semana passada, dos grandes personagens sobre os quais pesam grandes controvérsias…
Na segunda metade do século passado, o maior nome de nossa política foi Carlos Lacerda. Jornalista de oposição a Getulio Vargas, grande orador, homem de cultura, poeta, tradutor,escritor, floricultor, este homem viveu intensamente e morreu muito jovem, aos 66 anos.
Conseguiu, com tal personalidade, ser um bom administrador do Estado da Guanabara, hoje município do Rio de Janeiro. Conquistou a classe média brasileira e boa parte do empresariado. Foi a voz que mobilizou a sociedade contra o governo João Goulart. Mas logo brigou com os militares e seus antigos companheiros da UDN .
O jornalista Epitácio Caó, militante da esquerda que Lacerda deixara para se tornar uma espécie de porta voz da direita, chegou a escrever um livro com o título de Carreirista da Traição. Nele, unia opiniões diferentes sobre os mesmos personagens, nos milhares de artigos publicados na imprensa, especialmente na Tribuna da Imprensa, que fundou no Rio.
Seus desafetos não o poupavam. Acusavam o político de destruir presidentes – Vargas, Jânio e Jango –, caluniar adversários e de absoluta incoerência, pois de inimigo de Goulart foi procurá-lo no Uruguai para formar uma frente contra os militares. Procurou também JK, cuja cassação exigiu do presidente Castelo Branco. Foi um verdadeiro furacão, mas existe certo consenso, mesmo entre desafetos, que ele pode ter sido mais brilhante e mais completo do que Rui Barbosa. Ambos empataram, certamente, como personalidades polêmicas.