Nunca houve um processo de combate à corrupção como a Operação Lava-Jato, que, em quatro anos de investigações policiais e judiciais, revelou perdas de até 30 mil milhões de euros em contratos da Petrobras e de obras públicas no Brasil nos governos Lula e Dilma, entre 2007 e 2019. Juntando os valores envolvidos e somando todos os casos de corrupção envolvendo o setor público na União Europeia e nos EUA, nos últimos 20 anos, não chega à metade do que foi constatado no Brasil.
Estiveram presos, além de Lula da Silva, ex-presidente em dois mandatos, vários ministros dos governos, parlamentares, dirigentes da estatal. Muitos cumpriram pena e já estão soltos ou em liberdade condicional. Lula da Silva não foi inocentado, como costuma dizer e até o Papa Francisco repete, mas teve o julgamento anulado e remetido à primeira instância, que colocou na gaveta e deu tempo para prescrições.
Fica difícil de entender que o processo tenha tido “inspiração política”, como as esquerdas proclamam diante de provas, confissões e, sobretudo, devoluções. Foram mais de cinco mil milhões de euros devolvidos por empresas e funcionários em troca de diminuição de penas. Também chama a atenção o fato da ex-presidente Dilma não ter sido indiciada e julgada, pois, de fato, não teve nenhum envolvimento em casos de corrupção, embora fosse presidente do conselho de Administração quando ocorreu um caso escabroso na Petrobras. Foi a compra de uma refinaria americana, uma verdadeira sucata, que foi comprada por mais de 500 milhões de dólares e anos depois vendida por menos de cem.
Dois outros projetos enormes da Petrobras foram uma imensa refinaria em Pernambuco, que acabou custando mais do dobro, e o complexo petroquímico no Rio, que gastou mais de seis mil milhões de euros e está inacabado até hoje.
Outra questão inquestionável é que a Petrobras foi investigada nos EUA e multada em três mil milhões de dólares pelo SEC, para continuar a ter acesso aos mercados financeiros americanos, e pagou. O Departamento de Justiça dos EUA condenou e multou cinco tradings que vendiam combustíveis à Petrobras e pagavam dois dólares por barril de propina a dirigentes da Petrobras.
No caso específico de Lula, além de depoimentos, inclusive de seu ministro duas vezes Antonio Palocci, os casos concretos dos dois imóveis. A Quinta em São Paulo era usada pelo casal, tinha lá seus pertences, D. Letícia fez as obras e adquiriu movéis e equipamentos, uma torre ilegal de sinal de telemóvel foi ali instalada, os donos no papel nunca lá estiveram e moravam no Rio de Janeiro. Mas ele dizia que não era dele, que era “emprestada”. Também em São Bernardo, no apartamento no mesmo piso que o seu, adquirido por um amigo que morava a quase dois mil quilômetros do imóvel, não era dele e o “dono” disse em juízo que comprou, pois achou um “bom negócio”. Admitiu que nunca esteve no imóvel.
O silêncio no Brasil e no resto do mundo em relação ao maior escândalo conhecido. Repetição, aliás, do Mensalão, que foi o escândalo anterior em que a corrupção era para financiar uma mesada a parlamentares para apoiarem o primeiro mandato de Lula da Silva, tendo como base os Correios.
A proteção das mídias aos malfeitos de políticos esquerdistas e a maneira com que os judiciários se baseiam em filigranas jurídicas para inocentar ou excluir de processos corruptos é chocante. Não se fala mais dos mil milhões dos governos do PT, mas se cobra sempre os relógios ganhos de presente por Bolsonaro, que só devolveu quatro meses depois de sair do governo.
Os mesmos tribunais, muitos dos mesmos juízes, promovem a destruição das condenações e das devoluções. Sinal dos tempos!
Jornal Diabo.pt 20/07/24