O Rio de Janeiro vive uma depressão política inimaginável. Depois da fusão dos estados da Guanabara e Rio de Janeiro, com o governo impecável do Almirante Faria Lima, que organizou o estado e foi responsável pelo último governo a olhar a agricultura, com o saudoso José Resende Peres, e outros homens de bem na sua equipe, como Laudo de Almeida Camargo, Woodrow Pantoja, Costa Couto, Josef Barat, Luiz Rogério Mitraud. Talvez Marcello Alencar tenha sido o único a apresentar um saldo positivo em termos de realizações. O episódio Sérgio Cabral foi triste, pois, se por um lado, cometeu tantos erros graves, por outro, foi um gestor com visão e grandeza, ajudado por um bom prefeito do Rio, que foi Eduardo Paes, e soube, por habilidade e não por afinidade, conquistar as simpatias do então presidente Lula. Agora,depois de tudo, este espetáculo de suspeições no trato do dinheiro público para o combate à pandemia que nos faz vice-campeões nacionais nos casos e nas mortes. Vexame, caos, corrupção.
Mas, pensando bem, as elites, no sentido das pessoas de bem, empresários, profissionais liberais, intelectuais, moradores do estado e da Cidade Maravilhosa, têm parcela de culpa nesta situação degradada moral e administrativamente. Houve uma renúncia à participação na vida pública, na busca de mandatos legislativos, fazendo com que a qualidade caísse a este ponto a que chegamos. Hoje, o que se salva são alguns nomes na bancada federal. O Governador era um desconhecido. E chegou onde chegou!
No passado não muito distante, tínhamos parlamentares de alto nível, e citaria figuras como os educadores Flexa Ribeiro e Souza Marques, o médico Raimundo de Britto, o jurista Célio Borja, o diplomata Álvaro Valle, o empresário Hélio de Almeida, militares do gabarito dos senadores Gilberto Marinho, Amaral Peixoto, Caiado de Castro e Paulo Torres, deputados Menezes Cortes, Eurípedes Cardoso de Menezes, Osnelli Martinelli, Roberto Campos e notáveis políticos, de carreira longa e correta como Nelson Carneiro e Francisco Dornelles. E agora? Romário?
Hoje, na administração pública, os nomes são desconhecidos, não têm passado e, pelo visto, não terão futuro. É preciso, portanto, que se estimule a participação de pessoas posicionadas na sociedade, que venham para a política para servir e não para se servirem, como esta safra, com parlamentares, secretários de estado e conselheiros de Contas presos por corrupção. E, nesta ladroagem pandêmica, ressurgem nomes que estão soltos por descuido ou generosidade do Judiciário.
É preciso convocar os homens de bem, de diferentes linhas de pensamento, mas de mãos limpas e boas intenções para o exercício da vida pública. O Rio não pode ser o centro cultural e tecnológico de referência que é, cartão postal do Brasil, com este tipo de gente na sua vida pública, sob risco de os poucos bons debandarem.