Os armênios têm uma história de perseguições de mais de dois mil anos. Acabaram, no final da I Guerra Mundial, perdendo de vez seu país, desmembrado pelo Irã, Rússia e Turquia. Foram os turcos que promoveram o genocídio, acontecimento que revoltou o mundo, mas, cansadas da guerra, as maiores potências acabaram indiferentes à barbaridade que acontecia. O que restou do povo armênio, de formação majoritariamente cristã, foi para a Rússia, EUA, Brasil e Argentina. Apesar de tudo, os descendentes desse sofrido povo, mas de vanguarda na cultura e na ciência, de certa maneira, procuram manter viva a lembrança do sangue que carregam nas veias. Diferentemente dos judeus – que formam hoje uma comunidade de menos de quinze milhões em todo o mundo, pois procuram casar entre si –, os armênios se integraram de maneira mais ampla, uma vez que eram multirreligiosos. São muitas as personalidades mundiais que possuem uma ligação armênia, como foi o caso da princesa Diana, que teve um antepassado com esta origem.
Nossa época vem mostrando uma reconciliação com o passado dos povos, em movimentos surgidos naturalmente, apenas com a força que o conhecimento da história permite. É o caso de Portugal, cujo povo tem origem semita, já que recebeu muitos refugiados da inquisição, especialmente nos séculos quinze e dezesseis. Aliás, muitos, entre os primeiros, partiram para o Brasil. Por lá, estão sendo restauradas antigas sinagogas por todo o país, símbolos do judaísmo. Além disso, muitas famílias, embora sem professar a religião israelita, reconhecem suas origens com muita naturalidade, o que não ocorria até bem pouco tempo.
No caso português, a ligação espiritual com a ancestralidade israelita pode ser considerada pela acolhida na II Guerra, em que a neutralidade do governo não impediu que Lisboa fosse o porto de embarque de muitos em fuga do nazismo. O mesmo aconteceu, em escala bem maior, na Espanha, com base em decreto do tempo da ditadura do General Primo de Rivera – pai do companheiro de Franco do mesmo nome assassinado pelos comunistas no início da guerra civil –, que dava cidadania espanhola a todos os judeus sefarditas.
Neste momento, a perseguição e o abuso da violência têm sido maiores nos povos de origem muçulmana, como os casos da Arábia Saudita, Síria, Iraque e Irã. Todos às voltas com guerras entre povos da mesma origem, como curdos, sunitas, chiitas e outros. Uma explosão de ódios que tem sobrado para outros países, como os da Europa, que, no pós-guerra, acolheram imigrantes de origem muçulmana e recentemente uma nova e polêmica leva de refugiados.