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Com o fim da União Soviética, os movimentos de esquerda acabaram com o sonho revolucionário e voltaram à política de destruição dos valores éticos, religiosos, econômicos e da democracia pela infiltração na linha de Gramsci e o martelar das acusações às sociedades capitalistas, pela via das mídias, intelectuais e do mundo artístico. O novo marxismo virou uma seita fundamentalista.
As experiências fracassadas com regimes ditos socialistas, com Estado inchado, perda de qualidade de vida dos mais vulneráveis e de liberdades, já não sensibilizam os contaminados pela nova ordem mundial. Exceto, claro, as nações cativas deste tipo de regime para o qual a América Latina se inclina neste momento.
Alguns fatos da história contemporânea da tragédia de regimes genocidas de viés comunista – e ligados até há bem poucas décadas à URSS e à China de Mao Tsé Tung – são relegados ao esquecimento. Barbaridades históricas hoje só as relacionadas aos regimes de direita. Os milhões de mortos por Estaline e Mao não contam. As guerras civis em África, com mortos e mutilados, carregam as digitais de Moscou, onde moraram e foram treinados muitos dos atuais dirigentes de nações divididas não por ideologia, mas por questões tribais. A descolonização apoiada pela URSS foi cruel ao jogar estes povos na violência e na corrupção. Também já sem o uso das armas, como nos anos em que só de cubanos eram mais de cem mil envolvidos nas disputas entre africanos.
Curioso é que a campanha de descrédito das monarquias ocidentais, apesar de bons resultados e aceitação popular, não cessa. Vale tudo para explorar falhas de comportamentos de membros da nobreza de maneira escandalosa. A negação dos valores do regime adentra na historiografia de países que já foram ou são monarquias, com base na relevância positiva dos anos de monarquia em quase todos.
No Brasil, o período monárquico tem forte presença na memória popular e da história. Nossos dois Imperadores foram estadistas relevantes e coroaram o século XIX com a consolidação do país na sua economia e cultura. O primeiro foi Pedro IV em Portugal e o segundo, neto de D. João VI e irmão de D. Maria II. A Princesa Isabel, que aboliu a escravatura, é ainda a brasileira mais amada pelo povo.
Agora mesmo, com o falecimento de D. Luiz, Chefe da Família Imperial do Brasil, a repercussão foi enorme, a ponto do Presidente da República ter decretado luto oficial.
Mas o preconceito sobrevive, como na obra do historiador Laurentino Gomes, pesquisador de qualidade, mas equivocado quando entra na definição de personagens. Acaba de lançar o terceiro volume de uma trilogia que aborda a questão da escravidão.
Define a Princesa Isabel – de quem descendem os herdeiros do regime em Portugal, D. Duarte, e no Brasil, D. António, o primeiro na linha com filhos – de forma equivocada. Nega a sua importância no processo e sua passagem na regência, que, somadas, contaram quatro anos, e omite a cultura da herdeira do trono, que falava fluentemente quatro idiomas, estudou por oito anos, sob orientação da Condessa de
Barral, filosofia, direito, economia a história mundial. Tinha o gosto pela música. O autor, como outros mais, insinua criticar a sua religiosidade, que a fez exercer ações sociais e de caridade toda a vida. Aliás, corre processo pela sua beatificação no Vaticano.
A abolição se deu em 1888, mas o Imperador não dispunha de escravos desde 1838, e a legislação, ao longo de mais de 30 anos, foi promovendo a libertação dos nascidos em 1855 em diante. Depois, em 1870, houve a liberdade para os sexagenários e a alforria para os que lutaram na Guerra do Paraguai. Estima-se que, na data da promulgação, os cativos eram cerca de 20% da população afrodescendente.
Pouco referido, ao contrário da obra de José Murilo de Carvalho, o fato de parte de o comércio de escravos ser de alforriados ou mulatos. E a presença de negros no Parlamento e na nobreza. O Barão de Guaraciaba, por exemplo, era negro e, como importante produtor de café no Rio de Janeiro, possuía mais de mil escravos. Assim como os dois irmãos Rebouças, engenheiros presentes nas grandes obras de sua época, cujo pai era deputado pela Bahia.
O pensamento esquerdista não desiste de provocar diferenças entre brancos e negros, no Brasil, EUA e Europa, estimulando inclusive o uso de roupas e visual de ancestrais distantes. A grande maioria da população negra ou mestiça do Brasil é trineta de antigos escravos ou alforriados. Assim como os brancos têm origem europeia e já um por cento com sangue oriental.
Publicad em: Jornal O Diabo – Portugal – 29-08-2022