Há quem garanta que das grandes crises surgem as melhores oportunidades. O Rio está buscando este reerguimento graças à cabeça e ao comando efetivo do prefeito em terceiro mandato.
Realmente a cidade perdeu grande parte de sua relevância nacional nas últimas décadas, com governos distanciados de Brasília e a sociedade sofrendo um esvaziamento econômico em função da perda da Bolsa para São Paulo e da direção dos grandes bancos. O setor bancário teve presença significativa mesmo naquelas organizações legalmente com sede em outros estados, mas com a administração no Rio, além das instituições locais.
Apenas para confirmar a dimensão da perda, podemos lembrar de que os bancos Nacional de Minas, Moreira Sales – Unibanco – Safra, Boavista e quase todos os estrangeiros, como Boston, Citibank, Francês e Brasileiro, Ítalo-Belga e Borges, tinham dirigentes expressivos na cidade. As redes de televisão Tupi e Manchete eram geradas do Rio. As seguradoras foram quase todas, restando a Bradesco. IRB e Susep foram outras perdas.
A atração como referência na Medicina só agora volta a recuperar parte do mercado com dois ou três hospitais top e a líder no setor de análises clínicas. As grandes editoras foram embora, restando as de qualidade como Rocco, Topbooks e Record.
A inteligência e a cultura resistem heroicamente com a Academia Brasileira de Letras, a Academia de Medicina, o Clube de Engenharia, a Associação Brasileira de Imprensa, o Real Gabinete Português de Leitura, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Museu de Arte Moderna, entre outros.
Na economia, a reação se faz presente na criação da nova Bolsa, na recuperação do aeroporto internacional, no projeto do Novo Porto. Mas faltam medidas sustentáveis para consolidar o turismo – vivendo um bom momento – em que a segurança é fundamental.
A Prefeitura tem apoiado com coragem o setor privado que investe na região portuária, no projeto Jardim de Alah, no centro de gastronomia e lazer do Roxy, e a classe política, na abertura do jogo que vai beneficiar o Rio, batalha em que tem sido relevante o deputado Julio Lopes.
A mobilidade urbana vem sendo atacada com sucesso, mas os acessos à Barra da Tijuca pedem projetos para suportar a volta das atividades pós-pandemia para não sofrer colapso. A Linha Amarela e seus entornos precisam de aparato de segurança confiável e permanente.
O Rio poderia voltar a concentrar as operações de câmbio dos bancos Central e do Brasil e propor sede e estímulos fiscais, podendo destinar o emblemático Palácio Gustavo Capanema para sede do Mercosul. Nem tudo está perdido, mas é preciso união de todos e melhoria na qualidade dos que lidam com a coisa pública. As Forças Armadas poderiam ser responsáveis pela segurança do Porto, aeroportos e seu entorno, e a Polícia
Federal controlar táxis e outros transportes que atuem nestas áreas. Nada de muito custo, mas de muita vontade.
Na área do entretenimento, apoio fiscal e promoção externa via Embratur para a volta dos festivais da Canção e da música popular, além de desfile de escolas de samba em agosto.
Publicado em: jornal Correio da Manhã 30/07/24