A cultura não deve ser um negócio e muito menos ter recursos públicos, se não apoio e participação compartilhada. Afinal, quem define o sucesso, o valor de um cantor, uma música, uma peça de teatro, um livro, é o mercado, o público e não “empresários da cultura”. Estes devem de ser, como são, independentes como os agentes literários, produtores musicais e outros. A presença do dinheiro público gera distorções, como sabemos. Rock In Rio não tem apoio público e gera benefícios para o Estado.
Relendo sobre a vida do admirável Paschoal Carlos Magno, homem que marcou o século passado por uma dedicação integral a promover a cultura, como diplomata, assessor de JK, vereador no Rio, promovendo o teatro e a música nos meios estudantis. Em 1935, criou o Teatro do Estudante do Brasil, e o Teatro Duse, em sua casa em Santa Teresa. Nesta escola de teatro, onde se formaram os primeiros atores, figurinistas, diretores, contrarregras, surgiram atores como Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Sérgio Cardoso e outros. Abdias do Nascimento criou ali o Teatro Experimental Negro.
Este idealista comprometeu sua fortuna pessoal com o sonho da Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes, onde instalou teatro, hospedagem para alunos, biblioteca, em fase de recuperação. Fez tudo sem um tostão do Estado e contou com o apoio de amigos como Roberto Marinho e Walter Moreira Salles.
Hoje temos referências de cultura nos institutos do Banco Itaú-Unibanco, Casa Roberto Marinho , sem recursos públicos Os mais importantes museus de arte, o Assis Chateaubriand-MASP- e o MAM do Rio também são mantidos por contribuições de pessoas ou empresas privadas. O Estafo pode ajudar, como no caso paulista em que o terreno foi doado pelo Prefeito Adhemar de Barros.
O jovem precisa de apoio e um projeto como o que imortalizou Paschoal poderia sim ter bolsas para os cursos que precisam voltar a Arcozelo. Um grande brasileiro.
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 25-06-22