A prioridade em cortejar a popularidade fácil e a tentativa de fugir do encontro com uma realidade que pede austeridade podem levar, da noite para o dia, o chamado mundo democrático a um encontro fatal para a paz e a ordem social. Um acontecimento inesperado pode deixar à míngua as nações mais endividadas. Claro que os países membros da União Europeia, da zona do Euro, em especial, serão os mais vulneráveis.
Os países se negam a diminuir o tamanho do Estado, relutam na venda de grandes estatais, persistem no empreguismo descontrolado e aumentam o endividamento. Tudo sem melhorar a produtividade, a formação de riquezas.
A recente decisão do BCE aponta para empurrar o futuro para a diminuição do endividamento, que, em muitos países, se aproxima dos 100% do Produto Interno Bruto. Nada é feito para melhorar a qualidade da mão de obra, habilitar trabalhadores a aspirarem melhores salários. E os que conseguem uma boa formação acabam no UBER, pois a gula fiscal e o populismo das leis laborais desestimulam os novos investimentos.
O Brasil, neste momento, tem a vantagem de robustas reservas em dólares, superávit significativo na sua balança comercial. Mas precisa crescer muito no setor industrial para ocupar a sua grande capacidade ociosa de seu parque fabril. E mesmo o agronegócio vai precisar aguardar a melhora na infraestrutura de transportes, portos e logística, para dar um novo salto. Já Portugal recuou no superávit comercial, a dívida cresce e as despesas com pessoal no setor público parecem descontroladas, especialmente nas câmaras.
Os EUA crescem, têm baixas taxas de desemprego, mas possuem dívida gigantesca e muito frágil, na medida em que os chineses são os maiores portadores dos títulos do tesouro americano. Portanto, não custa nada, um belo dia, resolverem vender estes papéis.
O mundo anda discutindo “abobrinhas” e a crise vai se aprofundando. Os setores que atraem os jovens das classes médias, habituais fornecedores de bons quadros técnicos e administrativos, já são mais voltados para a ecologia, ambientalismo, cinema, literatura, música e sociologia. Sempre com viés anticapitalista.
Apesar de a URSS ter desaparecido há décadas, prevalece ainda a decisão do Politburo, de 1943, em plena guerra, de se minar a influência da Igreja Católica e dos militares em todo o mundo. Stalin creditava a guerra civil da Espanha como a grande derrota do comunismo, e atribuía aos militares e religiosos o fator determinante do fracasso. Censurou as dezenas de mortes entre religiosos e nobres espanhóis, passando a nova palavra de ordem, a infiltração nos meios religiosos e militares. A Teologia da Libertação, que chegou a ser forte na igreja latino-americana até a eleição de João Paulo II, foi concebida em Moscou e ainda se faz notar sua discreta, mas persistente, presença no chamado “clero progressista”, na América Latina.
Os esforços de governos mais conservadores, liberais na economia, para vencer barreiras e melhorar as condições dos povos têm sofrido pertinaz campanha nos meios midiáticos. Exemplo recente foi o destaque dado aos incêndios na Amazônia, no Brasil, quando, este ano, o fenômeno foi mundial e por fatores climáticos. Mas serviu à exploração política.
Nem todos os países, por meio de seus povos, acordaram para essas ameaças e marcham, alegre e democraticamente, para o desastre.
Um dos filhos do presidente Bolsonaro foi vítima de exploração desonesta por ter se referido às dificuldades para reformar e modernizar em um regime democrático. O que é uma verdade, e que não implica na defesa de regime não democrático. Na realidade, as baixas qualidade e velocidade dos legislativos e do Judiciário, em quase todo mundo, travam a derrubada de privilégios e atendem a posições meramente ideológicas, longe do racional. E, por vezes, garante a impunidade dos que erraram.
A democracia precisa ser aperfeiçoada para garantir a ordem, o progresso e a Justiça.