Até há poucas décadas, a presença de renomados médicos, consagrados na clínica privada e na vida acadêmica, era muito comum no serviço público. O Rio de Janeiro teve na Secretaria de Saúde personalidades altamente conceituadas, como foram os casos de Raimundo de Brito, Hildebrando Monteiro Marinho, Woodrow Pantoja e Ronaldo Gazolla. Os hospitais federais dirigidos por homens idealistas, de consolidada clínica particular, como os admiráveis Carlos Scherr, no Hospital de Laranjeiras, Octavio Vaz, no de Ipanema, Aloisio Sales, no HSE, e Nova Monteiro, no Miguel Couto.
O Inca, com o dedicado Jacob Kligerman, antes Jaime Marsilac, e, atualmente, tem em seus quadros valores do porte de Fernando Dias, Paulo Leal, que ali prestam um verdadeiro voluntariado, por darem muito de si e pouco receberem.
Nada ilustra mais a formação humana e de responsabilidade social do que os bons tempos da Santa Casa do Rio, onde despontavam no exercício da generosa a atuação de homens como Paulo Niemeyer, Ivo Pitanguy, Sergio Novis, Clementino Fraga. Hoje, temos exemplos admiráveis como o de Deusdeth Nascimento, que preside há muitos anos, com eficácia e dedicação, a ABBR e é o maior nome da ortopedia em nossa cidade.
Numa crise como a que vivemos, é bom lembrar de que a sociedade dispõe de nomes de respeitabilidade para bem gerir os poucos recursos disponíveis para a dimensão da crise. Recrutando nesta elite, o perigo dos malfeitos torna-se praticamente nulo. Aliás, o que vale para a medicina vale para outras atividades na administração direta, como nas estatais e no Judiciário.
No tempo dos militares, a oposição demonizava o então Serviço Nacional de Informações (SNI), diretamente ligado aos presidentes. Este órgão é que examinava toda e qualquer indicação para cargos públicos, fossem técnicos ou políticas. E, assim, se explica que tivemos 21 anos sem escândalos, se não os criados na imaginação fértil daqueles que vieram a protagonizar crimes contra o Erário, tão logo chegaram ao poder pelo voto.
Hoje, pelo que se observa, nem consultam o Google, pois tem gente em estatais que respondem a processos e possuem passado nebuloso.
É preciso atenção na seleção e o exemplo de nossa elite médica deve ser exaltado. E claro, que se permita ou obrigue os tribunais de contas a contratarem auditorias privadas de referencia, as seis maiores, para uma avaliação por amostragem de contas publicas, em contratos. Estas consultorias não erram, na maioria dos casos.