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A essa altura da vida, com 74 anos vividos intensamente, cultor dos ensinamentos de meu saudoso avô, o historiador mineiro Augusto de Lima Junior, que me transmitiu o amor à terra de nossos maiores, julguei que minhas devoções mineiras estavam completas.
Tenho a honra de ser cidadão honorário do Estado, de BH, de Tiradentes, Barbacena, Augusto de Lima e de ter as medalhas da Inconfidência, Tiradentes, JK, Santos Dumont, José Maria Alckmin e Mérito Legislativo. Tenho uma vida presente na imprensa mineira – Estado de Minas, Revista Encontro, Hoje em Dia e Correio da Serra de Barbacena – e a honra de presidir o Conselho Fiscal da CEMIG por 16 anos, além de ter meu livro Minas, com cinco edições e dez mil exemplares vendidos.
No entanto, quis o destino que meu amigo Ozório Couto, ilustre filho de Luz, a quem sou ligado há muitos anos por laços de apreço e admiração, me convidasse a participar de ventos referentes à Semana da Pátria na sua cidade, acompanhando o Príncipe D. Gabriel de Orleans e Bragança, de cuja família privo da amizade desde sempre.
Não foram apenas dois dias agradáveis, tocantes nas homenagens, mas foi também a oportunidade de conhecer pessoas especiais e a história da cidade que já nasceu sob a proteção de Nossa Senhora. A qualidade de sua gente, o nível cultural, a excelência de suas escolas, o sentido cívico e religioso e o culto a seus filhos ilustres me encantaram.
Não foi uma simples viagem; foi a descoberta de valores que tocam a sensibilidade do brasileiro que sabe que a garantia do equilíbrio e do bom senso, através de nossa história, sempre veio da gente digna e preparada das cidades do interior.
Minas teve, de Diamantina, o grande presidente JK, Pompéu, um dos mais ilustres pensadores e educadores de nossa história contemporânea, em Francisco Campos, Magalhães Pinto, de Santo Antônio do Monte, uma presença relevante em 30 anos de história republicana. E mais o estadista Israel Pinheiro, de Caetés, os Andradas, de Barbacena, os Levindo Coelho, de Ubá, num suceder de grandes personalidades vindas de pequenas cidades.
Luz deu-me a agradável surpresa de conhecer o Jornal de Luz, na brava imprensa do interior, com 38 anos de presença sempre renovada, mas sob o comando de uma mulher extraordinária, Cândida Correa Cortes Carvalho, que, com dedicação e, diria, obsessão, faz um jornal de tanta qualidade e sentido cívico. Sem favor, eu a coloco entre aquelas mulheres que marcaram presença na imprensa nacional, como a Condessa Pereira Carneiro, do Jornal do Brasil, Regina Simões, de A Tarde, da Bahia, e Ondina Ribeiro Dantas, do Diário de Notícias, do Rio de Janeiro.
Na minha vida de jornalista, sempre tive presença nos jornais de interior, como Correio de Barretos, Correio da Serra, de Barbacena, e Diário de Petrópolis, onde colaboro presentemente. Na mocidade, mantinha um programa na PRB3, Rádio Sociedade de Juiz de Fora e me fiz presente na Rádio de Ouro Fino, de meu amigo e notável jornalista mineiro Milton Lucca de Paula.
Luz conquistou-me e fico devendo mais esta a meu amigo Ozório Couto, baluarte da presença a nível estadual da cidade que o viu nascer e a qual empresta um pouco de seu idealismo, patriotismo e amor à história, da qual já se firma entre os grandes nomes da historiografia mineira contemporânea.
Vou voltar a Luz e levar ao Centro Cultural do Palácio Episcopal uma relíquia histórica que me foi legada por meu avô, Augusto de Lima Junior, que é a cópia oficial da Cruz da Primeira Missa no Brasil, que ele recebeu do primeiro-ministro de Portugal, António de Oliveira Salazar, em 1940, e que certamente está aplaudindo a minha iniciativa de incorporar ao patrimônio histórico de Luz.
– Aristóteles Drummond é jornalista e escritor.