A omissão da sociedade – incluindo as autoridades públicas, é claro – diante de situações inaceitáveis pelo bom senso e o interesse geral é de difícil compreensão. No caso de Minas, alguns problemas que se arrastam desde governos anteriores, merecem um mínimo de explicações a opinião pública, que a tudo assiste sem entender os motivos da indiferença.
Alguns temas, já abordados ao longo destes quase 20 anos de HOJE EM DIA, permanecem na mesmíssima situação, com agravantes pelo decorrer do tempo. Vale destacar dois deles: a questão do Anel Rodoviário da capital, recordista de acidentes com vítimas fatais, e uma ligação antes da capital, na BR-040, fazendo uma variante na altura de Congonhas até Sete Lagoas. Além do estranho abandono das águas minerais que pertenciam à antiga Hidrominas, de renomes internacionais, como Caxambu, Cambuquira, Lambari e Araxá. E isso pode ter afetado o turismo nestas estâncias, que foram destaque nacional no passado. Getulio Vargas, por exemplo, não dispensava sua temporada em Caxambu e São Lourenço. Até o ensino da cura pelas águas foi abandonado e os especialistas, parece, não existem mais no Brasil.
Outras iniciativas de sentido econômico e social também esperam pela vontade política de governantes e legisladores. Muitas com pouco uso dos já escassos recursos públicos.
Seria o caso do fortalecimento das cidades médias como polos de desenvolvimento, fazendo diminuir a pressão sobre a capital e seu entorno, já com graves problemas viários, ambientais e de habitação.
O governador Zema, por exemplo, percorre com frequência a estrada que liga BH a sua Araxá, onde estão cidades com potencial de desenvolvimento por ter mão de obra e estrutura para crescer, ocupando espaços perdidos com as recentes crises. Em outra direção, Curvelo tem tudo para hospedar novas indústrias pela posição estratégica na BR-040, tradição e gestão exemplar. Mais adiante, o Projeto Jaíba, estacionado há anos, pode ser retomado no ritmo desejável.
A Zona da Mata, com mão de obra, tem potencial para o agronegócio não explorado. E olha que Juiz de Fora, no passado, foi considerada “a Manchester mineira”, pela forte presença industrial. A posição da região é estratégica pelos bons acessos.
Dar força às cidades médias e fortalecer o interior era o mínimo a se esperar de um governador empresário, do interior, liberal de cabeça e descompromissado com a demagogia e os interesses paroquiais.
Talvez a pouca intimidade com as cabeças pensantes majoritariamente da capital, nos permita sugerir que o governador ouça mais. Humildade é uma qualidade dos mineiros da mineração, mas é difícil quando se ocupa o mais alto cargo do Estado e, ainda por cima, se é rico e da região que sofre a influencia paulista.