A presença da maçonaria no Brasil, no século XIX, foi determinante na história da época. Especialmente do meio para o fim, atingindo o auge no golpe republicano de 1889. Os estudos mais recentes adentram na análise da onipresença da organização que se apresentava como “apolítica”.
Os primeiros e decisivos registros apontam sempre para as suspeitas de ligações íntimas do Imperador Pedro I com a maçonaria, seguida de sua influência na questão da maioridade que fez de Pedro II Imperador aos 14 anos.
Mas foi ao minar por décadas a monarquia, a serviço dos movimentos republicanos, que ela iria se mostrar com tentáculos como um polvo na sociedade. A começar pela filiação de muitos titulados do Império, que não percebiam que o comando superior queria, na verdade, a partir de 1887, derrubar o regime. E a iniciativa nada teve de programática, mas sim de pragmática.
O distanciamento da Igreja dos maçons, com veto à dupla militância, no fomentar a crise chamada de “religiosa” entre o Imperador e o Papa, Pio IX ,levando que o governo prendesse muitos bispos. Na verdade a interveção da Santa Sé na Igreja no Brasil se dava pela orientação rígida do então Papa, que não aceitava o catolicismo brasileiro conviver com o espiritismo, a umbanda, a maçonaria, com a omissão do Estado que exercia mando em nome do Papa.
Com o visível envelhecimento do Imperador e o desgaste da Guerra do Paraguai, os maçons passaram a temer a ascensão da Princesa Isabel, profundamente católica e que não permitia a presença de suspeitos de filiados à maçonaria em seu entorno. Mesmo com impressionante infiltração nos meios monárquicos e políticos.
A opção republicana levou a uma proximidade com os positivistas, presentes no Exército e que faziam do Brasil a maior referência mundial de adeptos de Augusto Comte, depois da França. A República veio a ser proclamada pela ala positivista do Exército, tendo como verdadeiro chefe não um General ou Marechal, mas um tenente-coronel, professor, instrutor militar e intelectual, Benjamin Constant.
Desde que se examina com lupa a influência da maçonaria, percebe-se que estava sempre presente nos jornais que abundavam no Império, na pregação republicana-abolicionista e no desgaste da figura do Imperador, que gozava de alta estima popular pelas suas qualidades. O ataque era sofisticado, pois, na ausência de defeitos pessoais ou mesmo na gestão pública, era desdenhado, como débil, com a alcunha de D. Pedro Banana, por exemplo.
O alinhamento na causa abolicionista também teria tido inspiração em minar o regime pelas dificuldades econômicas que iria gerar. Muitos condenavam a política lenta e segura da libertação gradual, primeiro com os nascidos, depois com os idosos, proibindo o tráfico desde África, para acabar na libertação. A pressa tinha como objetivo enfraquecer o meio rural, sustentáculo do regime e da economia. A este movimento, não teria estado indiferente o Barão de Mauá, o maior empresário brasileiro
de todos os tempos, cujas atividades eram na banca, nas ferrovias e no início do processo industrial, logo pouco afeito à questão da escravatura.
O Grande Oriente, órgão máximo da maçonaria, apressou-se a saudar a República, proclamação clandestina e longe do conhecimento popular, e a influir junto com os positivistas do Exército na nova bandeira e na divisa “Ordem e Progresso”.
Com viés que veio a marcar os movimentos de esquerda daí em diante no mundo ocidental, não faltou à República o requinte da perseguição menor, da qual é símbolo o navio-escola Almirante Barroso, em viagem pelo mundo, ter recebido, em porto asiático, o telegrama comunicando a mudança de regime e determinando que fosse desembarcado o oficial D. Pedro Augusto, neto do Imperador. Mudaram o nome dos colégios Pedro II , Até hoje de referencia no ensino, restabelecido, felizmente quinze anos depois . Habito comum nas esquerdas este de querer mudar ou apagar historia trocando nome de pontes e ruas , sob a triste cumplicidade da sociedade.
A maçonaria, hoje, não tem relevância, mas foi substituída no sistema de infiltração e ação midiática pelas diferentes forças de esquerda, que se unem no férreo controle da mídia e do meio cultural. Até os primeiros anos do pós-guerra do século XX, reuniam-se com maior frequência nas prisões. Agora, onde chega ao poder, enchem as prisões
Publicado em : Jornal O Diabo/Portugal 25-06-21