Três anos após a Independência do Brasil, chegaram os primeiros alemães, em Santos, e para se estabelecerem pelo interior do estado de São Paulo. Mas foi em 1827 que chegaram de maneira mais organizada e dirigiram-se para o Rio Grande do Sul, onde estabeleceram uma comunidade significativa, em São Leopoldo. Até hoje a presença alemã é significativa, nos descendentes ou mesmo em empresas, médias e pequenas, estimadas em 80. Cidades como Nova Petrópolis e Nova Württemberg guardam as marcas da arquitetura e da cultura alemães. O contingente maior chegou nos anos 20 e 30 do século passado, incluindo a primeira comunidade judaica, em Santa Maria. As famílias de origem alemã estão muito presentes, em todos os setores. Um deles, o General Ernesto Geisel, chegou a presidente da República.
Já no Estado de Santa Catarina, a concentração se faz notar até nossos dias. Recentemente foi publicado que 35% dos catarinenses são descendentes de alemães. E as cidades como Blumenau e Pomerode, fala-se alemão e até a entrada do Brasil na guerra, em 1942, havia no estado três jornais em alemão. A hegemonia alemã ali só foi quebrada pelos açorianos, fortemente instalados na costa, onde exerceram e exercem a atividade pesqueira.
O Paraná, o primeiro na chamada região Sul, recebeu alemães e vizinhos como poloneses e italianos e a presença destes três povos é significativa na capital Curitiba.
É claro que, hoje, o poder econômico é do estado em São Paulo, é lá que estão as grandes empresas, como Basf, Bayer, Siemens, Mercedes Benz, Volkswagen, Thyssen e Voith, e centenas de medias e pequenas empresas em diferentes setores, inclusive na alimentação, com forte presença dos fumados alemães na gastronomia paulista.
Um dos três hospitais mais importantes do Brasil é o Alemão Oswaldo Cruz, fundado por Antonio Zerrenner, no final do século dezenove, que instalou a primeira grande fábrica de cerveja brasileira, a Antarctica. Zerrenner criou uma fundação, hoje grande acionista da AMBEV-INBEV, e é a controladora do hospital, que, por causa da guerra, mudou de nome para Oswaldo Cruz, depois voltou a ser alemão e manteve a homenagem ao grande sanitarista brasileiro.
Os alemães instalaram em Minas a siderúrgica Mannesman, em cuja inauguração se deu o último ato público de Getúlio Vargas antes de seu trágico fim. E no Rio de Janeiro, os alemães são presença em Friburgo, que ainda guarda a identidade alemã, e Petrópolis, onde ainda é significativa a presença de descendentes, em todas as camadas sociais. Foi ali que o escritor Stepan Zweig escolheu para viver e onde morreu. Aliás, a cidade, antiga Fazenda Imperial, foi desenhada pelo alemão Julius Koeler e, durante o Império e enquanto o Rio capital da República, foi local de veraneio dos imperadores e presidentes. Sua catedral é no estilo germânico.
A presença alemã, como a italiana, a espanhola, a polonesa, a sírio-libanesa e a japonesa, na miscigenação religiosa, cultural e racial do brasileiro – o luso-tropicalismo referido por Gilberto Freyre –, é fator importante. Os alemães são presença significativa na Argentina e no Paraguai.
Publicado em : Jornal O DIABO -03/11/2021