A economia mundial e os países endividados, em especial, não resistirão a mais um ano de recessão em função da pandemia. A maioria dos governos errou, foi imprevidente, deixou-se levar pela irresponsável crença de que o problema seria resolvido com o tempo. Não foi e não será. Muito pelo contrário.
Tudo passa pela imunização da população, o que só pode ocorrer via vacinação. Mas, exceto a competência de Israel, o mundo fracassou na previsão, na fabricação e na distribuição da vacina. O mesmo mundo que imuniza em poucas semanas centenas de milhões de pessoas contra a gripe se mostra incapaz de aplicar as poucas vacinas disponíveis. Nem a austera e supostamente responsável Suíça escapou desta vez de estar igual aos pobres, subdesenvolvidos e politicamente mal servidos.
Muita politicagem cerca o problema, inclusive na civilizada Europa, em que, premido pela dimensão da tragédia, o Reino Unido é onde a reação positiva se fez presente. Enquanto Portugal sofre com o avanço do vírus, a Espanha está mergulhada no caos administrativo, ético, moral, com escândalos se sucedendo e agressões à cultura e à tradição do país, que se avolumam. A indisciplina cresce. Percebe-se, inclusive, certa pressão ou cooptação da grande mídia espanhola, com os acionistas distantes dos rumos dos diferentes órgãos. Tudo colabora para hospitais cheios e falta de vacinas.
Escolhidas seis ou oito solidamente testadas, o mundo deveria se unir para vencer burocracias e facilitar fabricação e distribuição de vacinas, inclusive para o setor privado, que tem estrutura para vacinar em poucas semanas, só na Europa e nas, Américas, mais de 200 milhões de pessoas das classes médias. A esquerda demagógica, concentrada nos sistemas de saúde e com cobertura das mídias de esquerda, alega que seria privilegiar ricos. Ora, uma vacina, mesmo as americanas mais caras, não devem custar mais do que uma garrafa de bom vinho ou o abastecimento de combustível de um carro médio. Este tipo de pregação ideológica não passa de sofisma, hipocrisia, irresponsabilidade diante da tragédia que vivemos.
O Brasil, fortemente afetado, está mergulhado na politização da pandemia; o presidente não sabe colocar com serenidade sua posição, que tem embasamento no que toca a volta da atividade econômica, mas reage mal às críticas e não é bom de diálogo. Seu governo se comunica mal, mas tem agido bem na crise, como deu prova no socorro a Manaus, para onde um mil milhões e meio de euros foram enviados pelo governo central, há meses, para enfrentar a pandemia e, pelo visto, desapareceram na corrupção e na incompetência dos gestores regionais.
Com maior velocidade na imunização, a economia volta mais cedo ao normal. Com a abertura do mercado de vacinas, fora das políticas públicas, que devem ser preservadas e apoiadas, sem dúvida, muitas empresas estão dispostas a oferecerem a seus colaboradores a vacinação imediata, para facilitar a volta ao trabalho.
A vacina não é obrigatória, pode apenas ser exigida sua comprovação para viagens e recrutamento de pessoal. Mas deve ser garantida pelo Estado a todos e ser aberta ao mercado privado.
No mais, os fabricantes que investiram muito nas pesquisas, certamente teriam interesse em acelerar a produção para atender a um mercado maior e mais lucrativo. E sem falar nas farmácias autorizadas, clínicas e laboratórios, que precisam recuperar as perdas destes 14 meses de pandemia.
O Covid é perigoso para a saúde e para a economia. E com miséria e tensão social não existe saúde. Nem a mental.