O Instituto de França deu ao nosso Imperador Pedro II o título de “o magnânimo”, e os monarquistas brasileiros poderiam dar este título ao Conde de Afonso Celso – conde papal –, filho do Visconde de Ouro Preto e leal monárquico.
É que o notável político e intelectual, fundador, com Machado de Assis e Joaquim Nabuco, da Academia Brasileira, foi de exemplar correção e solidariedade ao monarca, não só o acompanhando no exílio, mas também, após sua morte, na defesa de sua memória.
Uma das suas iniciativas mais relevantes é a estátua que está no centro de Petrópolis, encomendada por Afonso Celso, com subscrição popular. O monumento veio da França, de autoria do escultor Jean Magrou, e sua inauguração, em 1911, contou com a presença do então presidente Marechal Hermes da Fonseca e das mais ilustres famílias ligadas à cidade, como os Sá Earp, Figueira de Mello, Rocha Miranda, Miranda Jordão, além de inúmeros titulados do Império e de Oswaldo Cruz, que depois viria a ser prefeito da cidade.
Coerente com sua mineiridade, o Conde de Afonso Celso, ao perceber restrições oficiais a sua iniciativa, procurou pessoalmente o presidente da República para o informar que a homenagem não era ao monarca nem estava no contexto de um movimento político, mas um reconhecimento da cidade a seu fundador, que ali viveu parte de sua vida, com muito amor. O presidente Hermes da Fonseca ficou sensibilizado e garantiu, inclusive, sua presença na inauguração. O que ocorreu, tendo almoçado neste dia na casa do Barão de Rio Branco, com a sua comitiva, que incluía inúmeros membros do seu governo.
A presença histórica de Petrópolis não se deve apenas ao Império, pois na República foi residência de verão dos presentes, no Palácio Rio Negro, sendo nos governos Vargas tão presente quanto no tempo do Imperador. E entre suas referências históricas, a atual Câmara de Vereadores, o Palácio Amarelo, que pertenceu ao Barão de Guaraciaba, um dos membros da nobreza afrodescendente, que foi um dos três maiores produtores de café no Vale do Paraíba fluminense.
Muito por fazer para que a cidade não perca a atração de seu passado, que é compatível com o progresso que pode ter agora.
Publicado em: Diário de Petropolis 15-05-22