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A palavra de ordem das esquerdas nos países semicapitalistas é o grevismo para sobrecarregar gastos públicos, pois greves hoje em dia só com trabalhadores de estatais ou funcionários públicos. Os do setor privado reconhecem que neste momento o mais importante é o emprego. Para a contestação, precisa de governos acuados e a sociedade insatisfeita. As greves costumam ser de contemplados com bons salários, estabilidade e garantia de impunidade. E ocorrem, na maioria dos países, em serviços essenciais como transportes públicos, saúde, educação e até policiais.
Outra palavra de ordem é a defesa das estatais a todo custo, apesar dos escândalos no mundo. Roberto Campos dizia sempre que as estatais pertencem a seus empregados e aos políticos que nomeiam os dirigentes e fazem bondades com funcionários que é o pagamento pelo silêncio nas irregularidades.
Inacreditável a coragem de pessoas supostamente respeitadas na cumplicidade com corrupção, nepotismo e favorecimento em geral, dos quais não são parte. Tudo por uma identidade política ou ideológica. Inclusive por nem todos os governos socialistas terem como norma estes desvios, embora até nos países nórdicos surjam escândalos .
O cerco ao capitalismo também inclui matar o pequeno e o médio comércio, as propriedades agrícolas de menor porte, para limitar o poder de reação e articulação. Os partidos de direita e centro-direita têm base nas classes médias, na pequena burguesia, e as esquerdas penetram no alto empresariado.
O momento que o mundo vive também não devia exigir forte motivação ideológica, ultrapassada idiossincrasia na relação com os EUA e a postura conivente em certo sentido com a invasão da Ucrânia. O Brasil cedeu tanques, mas não munição – o que não faz sentido.
Este momento de crise mundial, com economias colocando em risco a estabilidade de muitos países e com endividamento perigoso, os arautos da nova ordem assumem postura democrática para a tomada do poder pela via eleitoral. Os torpedos não são mais de blindados, os militares são substituídos pelo sindicalismo selvagem, greves, vantagens abusivas, escândalos e a ideologia da destruição dos padrões éticos, morais e religiosos. Nada escapa ao projeto de minar uma estrutura existente para o totalitarismo populista. Há um novo braço da esquerda nos países menos desenvolvidos, de população menos informada.
A América do Sul terá em ano decisivo na Argentina, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela. E na maior nação que é o Brasil vivendo um incrível retorno ao passado. Até invasões de propriedades rurais voltou a levar intranquilidade ao setor que sustenta a economia. O uso e o abuso de estatais e a ocupação das funções públicas por militantes que não considera o mérito, mas sim a militância política.
O mundo carece de lideranças. A extinção da União Soviética afastou a ameaça de um domínio mundial centralizado em Moscou, mas permitiu a geração de regimes e projetos sem outra inspiração que não a tomada do poder, na América Latina sob a
dominação “bolivariana”, como definiu seu criador, Hugo Chávez. Os EUA perderam o protagonismo com os governos democratas e a infeliz experiência republicana com Donald Trump, que teve em Bolsonaro, no Brasil, uma trágica imitação. No caso brasileiro, a nova ordem conseguiu mostrar toda a eficiência baseada no controle das mídias ao explorar o comportamento atípico e equivocado de um governante que apresentava bons resultados.
Hoje, a volta republicana nos EUA e uma solução de centro-direita no Brasil encontra em Trump e em Bolsonaro um empecilho, pois ambos não conseguirão vencer, devendo, sim, favorecer a permanência dos atuais detentores do poder, por pior que sejam os resultados apresentados. A radicalização não abre espaço ao bom senso.
convencionou chamar de mundo livre, capitalista e próspero. Os grandes grupos empresariais, financeiros, de mando diluído, fundos sem orientação, são incapazes do bom uso que o poder econômico já permitiu. Os militares, que por séculos garantiram a ordem, têm sofrido sistemáticas campanhas. E a Igreja está dominada pelo que Nelson Rodrigues bem definiu como “padres de passeata”, que nem a batina prevista no Código Canônico usam mais.
Publicado em: Jornal Diabo 30/03/23