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Condição fundamental para a recuperação da cidade do Rio de Janeiro é o restabelecimento do controle pelo poder público das ruas, praças e, sobretudo, calçadas. A segurança pública, que é outro problema inibidor do progresso, está encaminhada na orla, de apelo turístico, mas precisando de reforço em alguns bairros, como Botafogo e Flamengo.
No centro, que, com razão, o prefeito Eduardo Paes elegeu para ser o ponto de partida para a recuperação da cidade, o que acontece é por iniciativas do setor privado, como os lançamentos imobiliários de habitação. Afinal, o Rio parece ser a única grande cidade do mundo em que o centro comercial e histórico não possui praticamente residências. Mas o abandono da região é chocante, com as calçadas ocupadas por moradores de rua, instalados em barracas, com preparo de alimentos. A Av. Graça Aranha é um pátio dos milagres. O jardim diante do Passeio Público está ocupado por famílias, com roupas secando, em espetáculo deprimente. Não tem Guarda Municipal nem agentes sociais para acolher e proteger aquelas pessoas, muitos doentes, dependentes químicos e praticando toda sorte de delitos, intimidando o cidadão. No Flamengo, a Marquês de Abrantes tem problemas sérios nas calçadas e, agora, dentro dos supermercados, com abordagem agressiva de pedintes jovens e bem-dispostos. No Pão de Açúcar dali, o incômodo começa na calçada fronteiriça.
As teses de irresponsáveis de que se deve dar toda liberdade a essas pessoas em nome da solidariedade afronta a cidadania dos que pagam impostos, chocam a sensibilidade e a dignidade dos que trabalham e sabem que a degradação da cidade custa empregos, afasta turistas – além do direito de ir e vir de idosos. Expõe um drama social que o poder público não pode, nem deve, ignorar.
No centro, o comércio tradicional ou relevante vai fechando as portas. Na Rua da Quitanda, entre Sete de Setembro e Assembleia, encerrou atividade o tradicional Sabor Saúde; na Alfândega com Quitanda, o recém-inaugurado e excelente Zona Sul não resistiu à insegurança depois das cinco horas.
Quando é que prefeito, governador e empresários vão se sentar na mesma mesa para programar algo de emergencial, inclusive contando com o apoio da União, pois a situação pode estar chegando a um ponto irreversível. O ano eleitoral pode ajudar. O Rio não é só dos que moram na cidade, é dos brasileiros de todos os quadrantes do país
Publicado em : Jornal Correio da manhã 07-04-22