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Um observador mais atendo ao momento que o povo brasileiro atravessa verificará logo que existe um grande desencontro entre o pensamento dominante na sociedade e nas elites políticas, culturais e até mesmo empresariais. Todos acham que tudo se resolverá com o fim da impunidade, a retomada do crescimento e as eleições do próximo ano, mas cada um com um enfoque diferente.
A sociedade não tem um projeto para o dia seguinte. Parece que tudo se limita a Lava-Jato, às prisões e delações. Não tem uma liderança que a oriente com bom senso numa ampla reforma ética, moral, econômica e política, abrindo perspectivas de um futuro melhor para todos. Ninguém parece querer abrir mão de alguma coisa em benefício do país. E isso é uma postura irracional face às reformas em andamento, que certamente são pré-condições para restabelecer credibilidade aos investidores – claro que precisando ainda de uma simplificação fiscal e da criação de um bom ambiente para se trabalhar e investir. Mas, enquanto persistir o apego à postura ultrapassada, a falta de coragem no corte de despesas públicas e os de nichos de privilégios, que são as estatais, a situação será sombria.
Temos de olhar o mundo, que vem mostrando entender esta nova realidade, como são exemplos a Argentina e a França, em que os governantes agem com coragem e sem procurar o aplauso fácil. Precisamos buscar eficiência, aproveitar com competência os recursos existentes à prestação de serviços essenciais na saúde, segurança e educação. Uma reforma de métodos, comportamentos, com pragmatismo e busca de resultados e não a defesa de teses fora da realidade.
O mais grave deste quadro dramático reside na juventude, que, sem qualidade no ensino, por vezes até sem aulas, sem emprego, sem esperanças, deixa-se seduzir por propostas que beiram à irresponsabilidade. Reside na classe média a mais grave falta de objetividade em apontar um projeto aberto, sem idiossincrasias, preconceitos.
Professores deixaram de ser referência, militares foram alvo de campanha insidiosa de descrédito, embora ainda sejam respeitados e admirados por boa parte da população. Mas ainda é tempo de se resgatar valores abandonados em quadros técnicos e administrativos de qualidade, como o alto escalão de entidades como Banco Central, Banco do Brasil, BNDES, Eletrobras, Itamaraty e outras instituições que, apesar de 12 anos de maltratos e malfeitos, mantêm quadros de excelência.
É preciso afinar o pensamento nacional com os novos valores, os novos rumos de nossa Era. Os riscos são graves!