Um estadista que viveu 30 anos como figurante de primeira grandeza no século passado. Este foi Oswaldo Aranha, que acaba de ganhar um precioso livro biográfico, rico em fotografias de sentido histórico, realização de dois de seus netos, Pedro e Luís Correa do Lago. Oportuno que se recorde um homem de personalidade, charme e sucesso, que ganhou dimensão internacional.
Foi o melhor amigo e conselheiro do presidente Getulio Vargas e, por força de sua personalidade, por mais de uma vez, renunciou a cargos para não abdicar a princípios e ideais. Ministro da Fazenda em dois períodos de governo, chanceler e embaixador nos EUA, consagrado pelo seu trabalho em prol da entrada do Brasil na guerra com os aliados. Depois, na ONU, presidiu a marcante Assembleia que aprovou a criação do Estado de Israel, em que atuou politicamente para que a tese fosse vencedora. A votação mostrou que a iniciativa só vingou pela habilidade do condutor do processo.
Gaúcho da fronteira, nunca deixou de amar o campo e, em especial, os cavalos. Dono de grande charme pessoal, sedutor, marcou a vida do Rio de Janeiro, onde criou exemplarmente os filhos. Um deles, que herdou o seu nome e o sentido da nacionalidade, integrou, como soldado, a Força Expedicionária Brasileira. Vavau, como era conhecido, foi ainda presidente da Willys Overland do Brasil, que fabricava o jipe do mesmo nome, e do Metrô do Rio, onde foi importante conselheiro político do antigo PTB. Euclides marcou presença no turfe e no agronegócio, homem de sociedade, casado com Irene, considerada uma das mulheres mais elegantes de seu tempo. O terceiro filho homem, Luiz Oswaldo, engenheiro do setor elétrico, foi presidente da Light e secretário nacional de Energia.
As filhas Zazi e Dedei, casadas com dois diplomatas de referência no Itamaraty, Os embaixadores Sergio Correa da Costa e Antonio Correa do Lago – este, pai dos autores do livro e com o filho André, no atual quadro de embaixadores brasileiros. O mais jovem, Manoel é homem de rara cultura musical.
O livro conta com excelentes definições do estadista, em que são destaque as do jornalista Helio Fernandes, severo observador da história nacional, discorre com naturalidade sobre a vida, em boa marcha cronológica. Não oculta nem mesmo que Oswaldo Aranha morreu subitamente, levando para o túmulo a justa frustração de não ter chegado à Presidência da República, o que poderia ter ocorrido, se vivesse mais dois ou três meses, quando da sucessão de JK.
Raríssima unanimidade nacional!!!