O polêmico político Leonel Brizola, talvez o único que manteve prestígio nacional antes e depois de 64, era bom de tiradas de fácil entendimento popular.
Este ano, sua neta Juliana, que é deputada estadual no Rio Grande do Sul, publicou um livro com algumas frases do avô.
Morto há mais de dez anos, Brizola ainda é muito atual em suas colocações. Por exemplo, ao definir o PMDB afirmou: “Para mim, o PMDB vai se transformar cada vez mais numa espécie de PSD daquela época. Um partido conservador que finge que é liberal”. E sobre o PT, disse: “O PT é como uma galinha que cacareja para a esquerda e põe os ovos para a direita”. E ao apoiar Lula, em 89, no segundo turno, o chamou de “sapo barbudo”.
Brizola era homem de bom humor e, quando voltou ao Brasil anistiado por João Figueiredo, ficou logo amigo do presidente ao ser eleito governador do Rio, preparando churrascos nos finais de semana na serra fluminense. Indagado sobre suas antigas propostas revolucionárias, disse que “Miami é muito pequena para receber a burguesia brasileira. Temos de promover avanços unidos”. Outra amizade surpreendente foi com o presidente Collor, que o venceu na eleição direta de 89, quando chegou em terceiro lugar. Mas obteve do então presidente muita coisa para o Rio, como a Linha Vermelha, que deu o nome do cunhado João Goulart. E fez o primeiro sambódromo do Brasil, com traço de Oscar Niemeyer.
Cercado de amor e ódio, Brizola acabou deixando uma imagem amena e conciliadora.