Assis Chateaubriand foi um personagem mais importante do que se possa imaginar na vida brasileira do século XX. Apesar do sucesso de sua biografia, escrita pelo notável Fernando Moraes, e dos órgãos remanescentes dos Diários Associados, sua obra foi tão grande que fica difícil identificar o conjunto.
Nas artes, por exemplo, Chateaubriand é mais conhecido pelo MASP, que, aliás, leva seu nome oficialmente. Mas ele não ficou aí, criou museus regionais, como o Dona Beja, em Araxá-MG, Ruben Berta, em Porto Alegre, o Pedro Américo, em Campina Grande, e os de arte contemporânea de Olinda, Maceió e São Luiz.
Carregava o civismo nas veias, lançando campanhas de grande interesse nacional, como foram as da aviação, incentivando a criação de aeroclubes e doando aviões para a formação de pilotos, do café fino (origem do café de qualidade que hoje temos) e do trigo, visando a produção nacional. Figura controvertida pela força de sua personalidade, depois de 64, lançou a campanha “ouro para o bem do Brasil”, em que arrecadou da população ouro, via moedas, anéis, pulseiras etc. para ajudar as finanças públicas. Um gesto mais simbólico do que efetivo, dada a grandeza do país, que fazia lembrar as doações dos paulistas na Revolução de 1932.
Teve três filhos, com os quais tinha dificuldades de relacionamento, o que o levou a doar as empresas aos empregados-diretores, formando uma singular figura societária, denominada de Condomínio Acionário dos Diários Associados. Infelizmente, o resultado foi que, meio século depois de sua morte, são poucos os jornais e rádios de um verdadeiro império, que incluía uma rede nacional de televisão, a primeira do Brasil, e uma grande revista nacional, que foi O Cruzeiro.
Conclui-se que é melhor ter um Chateaubriand, com qualidades e defeitos, do que nenhum.