Essa confusão toda em torno da Petrobras se deve a presença de interesses políticos desde sua fundação. Na verdade, a ideia de Vargas foi a de criar uma grande empresa nacional de petróleo e não um monopólio – isso foi incluído curiosamente pela oposição de então, a UDN do deputado Bilac Pinto, autor do privilégio.
Assim, a empresa se tornou símbolo dos nacionalistas, insuflados pelos comunistas, mais como medida preventiva para barrar a entrada no Brasil das grandes empresas americanas.
O tempo correu, a empresa passou a sofrer forte influência sindical, ter sua direção com muitos militares nacionalistas – antes mesmo de 64 – e ser instrumento poderoso de barganhas políticas.
Mesmo no período dos militares, mostrava certa independência em relação a seus superiores. Quando da segunda crise do petróleo, no início do governo João Figueiredo, o ministro César Cals lançou a meta de triplicar a produção nacional, direcionando para a exploração a maior fatia dos investimentos. Foi uma luta vencer o corporativismo da casa. O presidente Shigeaki Ueki, alto funcionário da empresa e ex-ministro da Energia, desdenhava da meta do ministro. Assim como o vice-presidente da República, Aureliano Chaves, que presidia uma Comissão Nacional de Energia e, mais polido, dizia que a meta de Cals “era válida por ser política”.
Figueiredo confiava em seu ministro. O apoiou e o Brasil viu triplicada sua produção.