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O governador Romeu Zema tem revelado qualidades de homem público muito positivas. Fez um bom primeiro mandato, que lhe garantiu a vitória no primeiro turno ano passado.. Criou base sólida para uma liderança emergente a nível estadual, que, em sendo de origem mineira, teria tudo para se tornar nacional.
É bom lembrar a relevância mineira na vitória da Revolução de 30, na participação em sufocar o movimento paulista de 32 e na genialidade de Francisco Campos e de Negrão de Lima na criação do Estado Novo. Minas foi decisiva na eleição do Mal. Dutra, em 55, elegeu JK em 55, em 64, fez a Revolução de 64 e, em 85, redemocratizou com a eleição de Tancredo. Em 92, pacificou o Brasil com Itamar. E de lá para cá a ausência mineira tem custado caro ao Brasil.
Zema aprendeu a fazer a política local, tem tido boas relações com a Assembleia Legislativa, mas possui visíveis dificuldades para sair das fronteiras de Minas. Tem conceito, obra administrativa, boas ideias, mas falha na ação política, pois acha que pode chegar lá isolado, escolhendo parceiros, divorciado do que sempre foi e será a política como a arte de agregar, conversar e congregar, para chegar aonde pode realizar. Em Minas mais do que qualquer outro lugar , dialogar e somar é fundamental.
Esta autossuficiência o leva a escorregões como a versão viralizada de que queria formar uma frente contra o Nordeste. Narrativa que não é verdade mas se tornou versão corrente. Casca de banana daqueles competentes na arte da intriga política que querem, desde já, lhe carimbar, como fizeram com Bolsonaro. Zema não é Bolsonaro, não é grosseiro, arrogante e ignorante, nem mal cercado. Pode ser, e parece, isolado.
Não pode, porém, dispensar os valores que Minas mantém em seus quadros. A bancada federal é certamente a de melhor qualidade no país. Bons nomes e referências, como os três que carregam tradições nas veias e serviços prestados na carreira: Aécio Neves, Paulo Abi-Ackel e Lafayette Andrada. Ignorar o que eles representam é ignorar a história de Minas e do Brasil. Outros, afastados continuam sábios e influentes, mas nem conhecem o governador, que nunca teve a preocupação de os conhecer, ouvir. Não só políticos mas personagens da vida mineira e nacional.
Importante observar que muitos notáveis do passado- e até contemporâneos- em Minas, foram sempre de relevância local e nem tinham outras aspirações. Outros foram nacionais pela personalidade e protagonismo. O regime militar teve três vices civis e todos oriundos da bancada mineira como Alkmin, Pedro Aleixo e Aureliano Chaves. A abertura e a redemocratização foi em torno de outro mineiro, Tancredo Neves e a pacificação e retomada do progresso teve a condução de outro mineiro, Itamar Franco.
Zema tem personalidade para neste segundo mandato abraçar as forças vivas de Minas!
Publicado em : Jornal Hoje em Dia 15/08/23