O governador Romeu Zema está evoluindo no gosto pela política, no sentido de ser a arte de prestar serviço público com habilidade, cordialidade, seleção de gente preparada e não apenas bem-intencionada. O Poder tem sua liturgia, nas democracias e até nos regimes fechados. Nem as monarquias, através da história, resistiram a erros nas relações com as chamadas forças vivas da sociedade e a tradição política.
As declarações de apoio e simpatia ao presidente Bolsonaro estão dentro desse contexto realista do governador. Na verdade, o que interessa a ele como político renovador, novo, é a proposta de uma economia aberta, liberal, desburocratizada, aliviada de carga fiscal complexa e estimuladora da evasão e fraude. E isso a equipe liderada por Paulo Guedes vem fazendo com certo sucesso.
Postura positiva e lúcida, neste momento da vida nacional, é a de ignorar o lado belicoso do presidente e de dois de seus filhos, que divertem os críticos do governo, os ressentidos com a derrota eleitoral do ano passado. Falta no Planalto uma cabeça política experiente, hoje limitada à personalidade admirada e admirável do General Augusto Heleno.
A pauta do momento é a econômica, com as reformas, a melhora no ambiente de negócios para a chegada de investimentos. O social e o desemprego dependem de investimentos privados. Por isso, é preciso melhorar o perfil de nossas leis, de preferência com um mínimo de paz política.
Um erro dos leais seguidores de Bolsonaro tem sido antecipar a reeleição de um governo que mal assumiu e pouco conseguiu aprovar no Congresso. O presidente tem feito, dentro de suas atribuições, centenas de boas iniciativas, pouco referidas na mídia, mas que vêm atingindo grandes faixas da população. Não precisava gastar tempo e energia respondendo a provocações.
Dentro desse contexto, Minas pode tirar partido da situação, a começar pela qualidade de sua bancada federal, a segunda maior da Câmara dos Deputados. Colocando um bom interlocutor, muita coisa será facilitada.
Para completar a melhora no clima de confiança no governo estadual, o governador precisa chamar mais gente experiente, pragmática e hábil em contornar problemas políticos, com trânsito político e no meio empresarial. Não basta boas intenções, pois estas não levam a resultados práticos. É preciso gente que saiba fazer, vencer obstáculos. Neste ponto, o governador pode aprender com o Planalto lições de como não se deve fazer política.
O presidente é, como disse o governador Zema, um patriota, bem-intencionado, corretíssimo na política econômica, que entregou a um time de homens superiores, mas peca no trato político e na ocupação de espaços na mídia.
Zema pode ficar com o lado positivo e fugir de atritos desnecessários. Embora não seja de temperamento agressivo, deve saber que, na política, a omissão ou indiferença ofende em silencio. Especialmente em Minas.