A crise na Venezuela deixou há muito tempo de ser política, em função de uma ditadura bolivariana – nova denominação na América Latina para regimes que têm como modelo o de Cuba –, para ser uma questão humanitária. Cuba vive racionamento de alimentos e bens de consumo pessoal, como sabonete e papel higiênico, energia elétrica nas casas há mais de 60 anos, mas, na Venezuela, já não se trata de falta de alimentos e remédios, mas de escassez generalizada. A população perdeu em média 11 quilos nos últimos três anos, os cães foram consumidos em sua maioria e apenas nos quartéis militares e da milícia bolivariana a alimentação é farta e todos têm direito a uma cesta básica para consumo familiar.
A ditadura é sustentada pelos militares, suas famílias e funcionários e magistrados do Judiciário que gozam de privilégios. E estes fatos já são do conhecimento mundial. O assunto está na mídia internacional, nos organismos como ONU e União Europeia, com os países mais representativos da democracia contra o regime.
Ocorre que as esquerdas nas democracias latino-americanas e europeias, de maneira mais ou menos explícita, defende o regime de Maduro. Organizam até mesmo manifestações de rua, como as convocadas por movimentos de esquerda de Portugal e da Espanha.
A Venezuela só poderá superar a crise com uma cisão nas Forças Armadas, uma guerra civil, para o que terá de haver apoio externo, pois o povo foi desarmado há anos, como foi feito em outros países, como o Brasil. A pressão internacional não influirá na medida em que o petróleo é fonte certa de recursos ao país, assim como o apoio que tem recebido da Rússia e da China.
A grande lição que se pode tirar desse drama, de uma país rico, com laços profundos com Portugal e Brasil, é que as esquerdas são coerentes, não querem iludir ninguém. Estarão sempre unidas em qualquer tipo de geringonça, como em Portugal e na Espanha, se for para abalar o capitalismo, os valores da família e da propriedade, buscando recursos para o orçamento nacional de cada vez mais impostos, e não pela via do desenvolvimento econômico por meio do empreendedorismo e do investimento. Uma meditação oportuna para a chamada burguesia, parte da qual gosta de posar de “progressista” para merecer hipocritamente o aplauso das esquerdas.