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No mundo onde todos têm lado, está se deixando de considerar coisas concretas que independem do governo, seja bom ou mau, que se goste ou não dele. E esconder fatos tem perna curta.
Pouca gente sabe e, dos poucos que sabem, muitos fingem ignorar que, por exemplo, Roma deve sua preservação a Benito Mussolini. Admirar o seu trabalho na restauração e modernização de Roma não implica em ser fascista. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
A capital italiana era uma cidade decadente, suja, com imóveis degradados ou em ruínas; espelho da Itália daqueles anos. O Duce tratou logo de recuperar os palácios, então transformados em cortiços, construindo os primeiros bairros populares da Europa no espaço entre a cidade e Fiumicino, onde hoje está o aeroporto. Construiu o bairro latino para abrigar as pessoas que estavam nos cortiços a serem recuperados e os serviços públicos seriam transferidos para o conjunto de prédios modernos, onde seria a Exposição Universal, EUR, que o conflito tornou inviável. Mais ainda, abriu avenidas onde eram ruas estreitas e insalubres, como a Via da Conciliação, belo acesso à Praça de São Pedro.
Mussolini também cuidou de construir o Fórum Mussolini, hoje Italico, Coliseu e até a monumental Basílica de São Pedro e São Paulo, no EUR. Equipou e construiu estádios para a Copa de 34, vencida pela Itália. Obras que lá estão até hoje.
Em Portugal, não há como se negar que o grande realizador foi o então jovem engenheiro Duarte Pacheco, que teve total apoio do Dr. Salazar para dotar o país e Lisboa, em particular, numa metrópole moderna. Depois do Estado Novo, apenas as estradas, a Ponte Vasco da Gama e o Lago Alqueva foram obras relevantes. Duarte Pacheco, além do Estádio Nacional e do trecho da autoestrada, foi notável como prefeito de Lisboa e construiu os primeiros bairros com habitações sociais. O Parque de Monsanto deve-se ainda a seu talento e iniciativa. Neste caso, quando não se nega o valor, se esconde o estadista que o colocou nas funções de ministro e presidente da Câmara de Lisboa.
Na Espanha que anda retirando nomes de logradouros públicos que lembrem os anos de Franco, além de reconstruir o país o General impediu que a Cortina de Ferro chegasse a Península Ibérica. Foi um grande benfeitor da cristandade e da democracia. E com o fecho dourado da restauração monárquica.
Paris se tornou esta cidade adorada por todo mundo, belíssima, com os dois Bonaparte sendo que a modernização mesmo, com o traçado do Barão Haussman, foi com Napoleão III. A História registra mais os feitos bélicos do primeiro e a audácia de ter sido eleito Presidente da República, restaurar o Império e se coroar do segundo. Mas as obras que ficaram estão lá até hoje sem muita gente saber a quem se deve.
O Brasil teve dois momentos de impulso nas grandes obras em dois regimes autoritários. Vargas, que, além da legislação trabalhista – copiada de Mussolini –, instalou a primeira siderúrgica de porte, tocou o maior açude do Nordeste, apoiou obras de vulto na cidade do Rio de Janeiro. E nos20 anos dos militares, o Brasil deu o grande salto nas obras de hidroelétricas, estradas modernas, mais de cinco milhões de casas populares, integração do Norte pelas estradas na Amazônia e a emblemática ponte ligando o Rio a Niterói, na Baía da Guanabara. Mais os aeroportos de São Paulo (Guarulhos) e de Belo
Horizonte, além da modernização do Galeão, no Rio de Janeiro, entre outros. Em Lisboa o Duarte Pacheco moderno foi Santana Lopes com o notável túnel do Marques.
É preciso conhecer e exaltar quem passa pelo governo e se faz notar pela ação, e não pelas simples palavras geralmente vazias.
Publicado em: jornal Diabo.pt 30/08/25