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Política é jogo de profissionais, pede sabedoria, habilidade e principalmente espírito público. O interesse da nação deve prevalecer diante de ambições pessoais ou partidárias.
O país está farto desta polarização, mas os dois atores, Lula e Bolsonaro, são as maiores lideranças populares e certamente iriam a um segundo turno – ou, no caso de Bolsonaro inelegível e preso, um indicado seu. Seja qual for o lado vencedor, o país estará ingovernável, rumando para o caos político, econômico e social.
Na esquerda, tem candidaturas mais compatíveis com uma renovação de ideias e quadros, como é o caso de Ciro Gomes e talvez de Eduardo Leite. Mas perdem para Lula ou seu indicado no primeiro turno.
Na direita, abundam nomes capazes de fazer o Brasil retomar o caminho da prosperidade e da ordem. São eles: os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de Minas, Romeu Zema, de Goiás, Ronaldo Caiado, e do Paraná, Ratinho Jr. Nenhum deles supera Bolsonaro ou um títere. Mesmo que seja alguém que se sujeite à humilhação de ter um parente do inelegível como companheiro de chapa. E se for assim, em vez de 38 milhões que se abstiveram ou votaram branco e nulo em 22, teremos pelo menos 50 milhões e a esquerda fará o presidente, se não for o próprio Lula.
Bolsonaro, se é a maior liderança popular da República, é também o de rejeição mais forte. Seu comportamento e de seus próximos, como os filhos, o tornam inaceitável para a maioria silenciosa, nas camadas das classes médias, que costumam definir os pleitos no Brasil. Na verdade está cada dia mais evidente que a único projeto do ex-presidente é eleger os filhos e a mulher. Humilha um estado como Santa Catarina ao tentar eleger seu controvertido filho Carlos, vereador no Rio, Senador. Santa Catarina sempre teve políticos notáveis como Nereu Ramos, Irineu Bornhausen, Antônio Carlos Kondet Reis e tem no Senado um homem público respeitado como Esperidião Amin, que querem substituir pelo filho. Chocante.
Pelo visto, falta ao ex-presidente e seus mais próximos a grandeza de colar o interesse nacional em primeiro lugar e aceitar uma chapa do campo centrista sem o seu carimbo. Afinal, o centro democrático, o centro direita, quer superar este ambiente hostil ao clima indispensável para atrair investimento e geração de emprego e renda.
Este quadro mostra que o risco de não se encontrar uma luz no fim do túnel é grande.
Publicado em: jornal O Dia 27/10/25
