Volta e meia os governos socialistas ou social-democratas caem na tentação demagógica de tentar implantar o imposto sobre as grandes fortunas. É o que Lula da Silva vem pedindo em relação aos que ele denomina de “super-ricos”.
François Mitterrand, um raro caso de socialista pragmático, quando chegou ao poder implantou o sonhado imposto, na França. Quando percebeu a enorme fuga de capitais e de contribuintes para fora do país, tratou de recuar e desistir do assunto. Mais tarde, voltou com a taxação das despesas de empresas com refeições e hospedagens de convidados. Recuou mais uma vez, pois a indústria pesada francesa competia com a alemã e inglesa pela atração irresistível dos “convites” a uma visita a Paris. Agora à esquerda volta com a mesma tese, que certamente vai provocar nova fuga de capitais e capitalistas.
No Brasil, volta e meia, as esquerdas tentam este imposto, que é injusto, inócuo e pune as classes médias, pois, para o fisco, possuir dois imóveis no valor total de dois milhões de euros já é “grande fortuna”. Aliás, hoje em dia, no Brasil, como em muitos países de alta carga fiscal, muitas de suas fortunas já estão com domicílio fiscal fora. Os grandes empresários e herdeiros, nos EUA, Suíça e Reino Unido; as classes médias, nos EUA e países da União Europeia, onde se possua dupla nacionalidade. Dubai, apesar da distância, tem sido destino de muitas fortunas, que a fez uma praça bancária relevante no mercado internacional.
O ex-ministro das Finanças no Brasil Ernane Galvêas definiu uma destas investidas como “uma grande falácia” e um “enorme risco econômico”. Os investidores fogem de países com alta taxa de tributos e leis laborais absurdas. Sobreviver a estas aventuras fora da realidade e da competição só países pequenos ou de economia de presença estatal como a França, que tem no turismo e nos serviços a base de seu equilíbrio. Mesmo assim, são países altamente endividados. Falta bom senso aos países que afastam investidores ao invés de os atrair.
Lula da Silva, na sua obsessão de presença internacional, quer recolher assinaturas para a criação de um fundo internacional para “combater a pobreza e a desigualdade”, que, na verdade, será para garantir a manutenção da pobreza e da desigualdade e financiar fracassos como Cuba e Nicaragua. Estas se combatem com controle da natalidade, formação profissional, saúde pública e investimento produtivo, prestigiando quem trabalha e desestimulando o ócio às custas da sociedade. Desconhecem os socialistas que não se doa peixes, mas anzóis e ensina-se a pescar.
Ao alcançar a propriedade urbana ou rural, os projetos beiram a crueldade, uma vez que muitos poupam investindo no imobiliário para garantir a família em sua ausência. É o mesmo sentimento grosseiro, de má-fé, insensível, da intervenção nos aluguéis de habitações, pois pode beneficiar um casal jovem e prejudicar uma idosa viúva que precisa da renda para sobreviver. A demagogia cega este tipo de políticos. E a defesa da propriedade, do capitalismo, de quem trabalha e produz fica dependendo da proteção divina.
Esta linha liberal na economia e severa nos costumes e no combate à criminalidade, parece ser uma face da proposta que deu um milhão de votos em Portugal a partido que tem como ponto de honra combater as esquerdas e suas nefastas propostas
e no Brasil sustenta a popularidade de Bolsonaro. Mas os social-democratas não gostam de enfrentar a mídia controlada pelas esquerdas. Cedem, toleram e, por isso, suas vitórias são conhecidas como “voo de galinhas”, acham que existe ” extrema direita”, invenção das esquerdas. A França vai pagar caro a falta de coragem moral e cívica de formar maioria com a direita.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 29/07/24