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A pauta ideológica de Lula da Silva na reconstrução da história do Brasil, com seus valores éticos e culturais, vem numa escala crescente. A impopularidade e a possibilidade de uma derrota eleitoral no próximo ano aceleram iniciativas que visam acentuar a polarização e jogar no amadorismo de uma direita de maioria populista e despreparada – bolsonaristas – para uma tentativa de mais um mandato.
Além das posições equivocadas no momento que o mundo vive, apoiando a Rússia, justificando o Hamas e condenado os EUA e Israel na questão do Irã, a reunião do BRICS levou a um quase rompimento com os EUA. Em Israel, neste momento, o Brasil está sem embaixador em Tel Aviv e Israel, sem aprovação do agrément de seu novo embaixador em Brasília. Os deputados aprovaram a criação do Dia da Amizade Brasil-Israel, igual ao que existe em dezenas de países. Lula não assinou e o projeto voltou para o próprio Parlamento sancionar.
Agora veio esta inusitada criação do Dia da Consolidação da Independência, alegando ser o 2 de julho de 1823 “a expulsão dos portugueses”. O Brasil já era independente, fazia parte do Reino Unido Portugal-Brasil e Algarves, sendo o governo de maioria de portugueses – o Imperador Pedro I nasceu em Portugal, filho de D. Joao VI. O General Madeira apenas era contra a separação feita pelo príncipe regente, proclamado Imperador com a separação em setembro de 1822. Era solidário com as cortes de Lisboa que queriam o retorno do herdeiro do trono português. Naquela altura, “expulsar portugueses” deixaria a nação com o restante da população, 80% de afrodescendente ou indígena, com capacidade zero de gestão de um país do tamanho do Brasil. Há semanas, Lula já afirmou que “a França é a identidade do Brasil na Europa”, ignorando que o país é de cultura, língua e valores portugueses. Mas as esquerdas querem trocar nossa origem portuguesa pela africana, defendem a pertença do país “aos povos originários” que nunca se entenderam entre si.
Lula da Silva e seus “companheiros” querem negar que o Brasil é uno, com oito milhões de quilômetros quadrados, pela cultura portuguesa, que nunca tivemos problemas raciais, e sim uma exemplar miscigenação, pela formação portuguesa, assim como as boas relações com todos os povos. Hoje a população mestiça é superior a 60%. Mas Lula gosta de se referir à “elite branca” como setor da sociedade contra avanços sociais. Quer jogar negros contra brancos, pobres contra ricos, empregados contra patrões; receita para destruir a economia, agravar a vida dos menos favorecidos e instalar um regime como na Rússia, China, Cuba e Venezuela.
Naquela altura, D. Joao VI criou a nação brasileira com uma equipe de portugueses preparados. O Conde de Linhares, por exemplo, homem experiente, criou a fábrica de pólvora, a Biblioteca Nacional, a Escola Militar e o Tribunal de Justiça; tudo em quatro anos. Ajudou muito sua maneira de administrar ser um defensor do absolutismo e, portanto, achava que só devia satisfações ao monarca, e assim foi.
Outros dois decisivos nos primeiros anos de refundação do Brasil foram o Conde das Galveas e o Marquês de Aguiar. O primeiro implantou a parte financeira, o tesouro e o sistema bancário. Marquês de Aguiar, que já estava no Brasil, foi governador na Bahia e vice-rei. Conhecia a administração e criou em plano nacional. Não eram gênios, mas experientes de bom senso. Já com Pedro I imperador, o homem forte era o Visconde do
Rio da Prata, Pinto Guedes, nascido em Portugal. Enfim, falar em expulsão de portugueses em 1823 é ignorância ou má-fé.
Lula radicalizou com Trump, na linha de arranjar bodes expiatórios para o fracasso de seu governo. Acha que uma grande crise por causa dos “ricos”, da “elite branca”, da “extrema direita”, dos “americanos” pode unir o país em torno de seu nome. Ledo engano, dizem os mais experientes. O povo quer emprego e comida na mesa.
O tarifaço de cinquenta por cento vai custar caro a economia e ao povo brasileiro.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 26/07/25