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Quem lê, escreve e pensa não pode deixar de especular sobre o que vai mudar na sociedade ocidental depois desta brutal crise provocada pela pandemia. Afinal, a elite que se informa e busca conclusões tem tido tempo suficiente para avaliar as mudanças, além das econômicas, de difícil previsão, pois não se sabe ainda quanto tempo vamos levar para voltar à normalidade . recuperar recursos e empregos perdidos.
A observação mais corriqueira é que a pandemia despertou bons sentimentos, especialmente entre os latinos. A solidariedade, a generosidade, a valorização da amizade, da preocupação com o próximo, não apenas com os conhecidos, com laços familiares ou funcionais, mas com a sociedade como um todo, desde por idade, com idosos e crianças, a classes sociais, com os mais vulneráveis, de um lado, e os angustiados empresários, de outro. É presença em todos os admiração e o reconhecimento pelos que atuam na área da saúde, com muitos tombando no exercício do dever e da solidariedade humana. Estes, certamente, serão valorizados daqui para frente e o esforço para atender a emergência vai deixar melhorias concretas no setor público dos diferentes países. A área privada sairá fortalecida, pois atuou bem, promoveu parcerias, aliviou a rede pública com sua cadeia de hospitais e planos de saúde.
Não se deve esperar é mudanças no formato da sociedade nas suas instituições e relações tradicionais. O mais provável, corrente a que me filio, é que voltaremos ao ponto anterior da crise, com os mesmos problemas, distorções e angústias. Mas apenas com o sentido de que todos devem contribuir para um mundo menos desigual e que devemos encarar melhor a educação em todos os sentidos. Inclusive em muitos países, especialmente no hemisfério sul e na África, em particular, na questão da natalidade. Como está, com usinas de pobres, doentes, sem emprego e sem habilitação, viveremos assustados com a violência e perplexos com a exploração de multidões por minorias sustentadas por armas e muita corrupção. São muitos, infelizmente, os exemplos da fome e da miséria em países teoricamente ricos, mas verdadeiramente explorados. Desde a rica Venezuela a pobre África. O caldeirão africano é uma consequência da irresponsável descolonização,abandonando os povos a ditaduras corruptas.
Um equilíbrio nas atividades econômicas, derrubando entraves ao desenvolvimento, normalmente criados para a venda de facilidades, no melhor aproveitamento da era digital para simplificar impostos, controlar os gastos públicos. Providências simples, que encontram resistência num funcionalismo que não quer perder poder, por um lado, e oportunidades de malfeitos, por outro. O computador, cobrando eletronicamente impostos, não é corrupto nem indolente.
A urgente necessidade da geração de empregos e de investimentos que façam circular a riqueza pode derrubar entraves burocráticos e reformar as relações laborais, que, no modelo demagógico e ideológico atual, inibem a criação de novos postos de trabalho, por assustar no tamanho das normas e no terror das ações sindicais. O amadurecimento dos povos pode levar a conclusão de que é melhor mais e bons empregos do que mais direitos e vantagens para vagas que não existem nem existirão.
A consciência social que despertou, nesta crise, o pragmatismo que irá substituir o romantismo das discussões acadêmicas vai exigir naturalmente a reforma dos quadros políticos, sob pena de uma substituição geral, na qual deve prevalecer o voto livre. As dificuldades e angústias levam naturalmente à busca de soluções e não mais ao proselitismo que privilegiados geralmente se ocupam, em nome de uma classe a que não pertencem, que é a trabalhadora. A atual forma de fazer política morreu com o vírus nos países latinos, como na sociedade americana, a mais diversificada do planeta em sua composição étnica.
Enfim, está aberto o debate, os questionamentos que só o tempo irá responder. Nada hoje é previsível.