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O tumulto do momento político vivido pelo mundo, com as guerras no Oriente médio e na questão da invasão da Ucrânia e o acirramento da disputa dos herdeiros do comunismo com os EUA, tem ocultado o que se passa no interior dos principais países do mundo.
A ação política desencadeada pelos regimes desta neo-esquerda, totalitária, mas capitalista, comandada pela Rússia e a China, com braços na América Latina com Cuba, Nicarágua, Venezuela, na antessala do Chile, Colômbia, México, Bolívia e Brasil, tem como foco desestabilizar os EUA, como vem fazendo há décadas, aproveitando as administrações mais à esquerda como as de Obama e Biden, mas cujo processo começou com Carter, quando da queda do Xá da Pérsia, Irão.
Na contrapartida, movimentos conservadores surgiram nas democracias, denominadas pela máquina de esquerda de extrema direita, influentes em países divididos como Argentina, Brasil e boa parte da União Europeia. Estes movimentos vêm carecendo de políticos experientes, serenos, que dificultem a conquista da burguesia que forma a maioria silenciosa que decide eleições. Não sabem disfarçar certa intolerância e apelos demagógicos, que causam estranheza nos tradicionais centristas. São mais populistas do que conservadores.
Na Europa, órfã desde os anos Thatcher, surgiu e vem se consolidando a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, primeira mulher a dirigir o país e a mais nítida liderança de direita após o fim do fascismo, em 1945.
Combatida desde sua histórica eleição, acusada de extrema direita e fascista, Meloni vem se firmando como liderança respeitada na Comunidade Europeia e junto aos EUA. Na verdade, o fascismo acabou na Itália e no mundo, mas seus valores eram anteriores ao regime, fundamentos da civilização ocidental e cristã, atendidas pela divisa “Deus, Pátria, Família”, ordem pública, liberdade política e econômica. Meloni já esclareceu condenar excessos de autoritarismo e políticas antissemitas do regime de Mussolini.
A diferença de Meloni e de outras lideranças como Orbán, na Hungria, é assumir posições com coragem, como fez ano passado na reunião do G 7, em que retirou alusão em defesa do aborto. Também se apresentou como intermediária em convencer a Hungria a não vetar o apoio da Otan a Ucrânia.
A posição adotada desde o primeiro dia de seu mandato em relação à imigração, invasão silenciosa, acabou por ser hoje modelo para o resto da
Europa. Pragmática, olhando o interesse de seu país, Meloni abriu licenças para imigrantes que atendam às necessidades de mão de obra da Itália, com um mínimo de identidade cultural e, se possível, latina.
Como a economia é fundamental para atender à qualidade de vida dos povos, pois gera emprego, renda e bons serviços públicos, tem apresentado resultados positivos. Herdou a colossal – e antiga – dívida pública italiana, perto de 140% do PIB, e a mantém estável; terá este ano crescimento econômico perto de 1%. A paz interna, o esforço para melhorar políticas fiscais e a acolhida ao investimento fizeram crescer o imobiliário com mercado nos vizinhos europeus. O residente não habitual consome, emprega e não pressiona serviços públicos de educação e saúde.
Este é o modelo que as forças conservadoras – as de cultura latina, especialmente – deveriam seguir para estancar a infiltração de ressentidos, derrotados desde a queda do muro em 89. A França tem tido a ascensão da direita travada por algumas posições de isolamento, podendo se aproximar da experiência vitoriosa da Itália na restauração de seus valores tradicionais.
Um pouco de sabedoria, habilidade e de responsabilidade no mundo empresarial pode resgatar a liberdade enquanto é tempo, e muito ameaçada em países relevantes como a Espanha e a Bélgica, submetidos a políticas suicidas de entrega do país ao que existe de negativo para o modelo ocidental.
Publicado em: jornal Diabo.pt 20/09/25