O jornalista David Nasser, que forma com Carlos Lacerda, Paulo Francis, Helio Fernandes entre os mais importantes da imprensa brasileira dos anos 40 aos 70, foi um grande amigo de Portugal.
Homem poderoso nos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, esteve inúmeras vezes no país, que percorreu de norte a sul, escrevendo inesquecíveis crônicas reunidas no livro “Portugal, meu avozinho”, que lhe deu o Prêmio Camões, da Academia de Ciências de Lisboa.
David Nasser era filho de libaneses e conquistou Chateaubriand, que lhe confiou a mais importante revista semanal da época, “O Cruzeiro”, que chegou a vender 700 mil exemplares quando o Brasil não tinha 50 milhões de habitantes. Nas páginas da revista, fez grandes reportagens e uma parceria histórica com o repórter fotográfico e cineasta francês Jean Manzon. Nos seus 20 últimos anos, foi o mais importante é polêmico autor de textos sobre política, de grande repercussão no Brasil. Seus artigos contribuíram muito para o apoio da opinião pública a Revolução de 1964.
Mas o talentoso homem das letras era também autor de inesquecíveis canções da música popular brasileira, até hoje no repertório de muitos artistas. O amor a Portugal o levou a fazer inúmeras letras dedicada a Portugal, reunidas num álbum do cantor Francisco José, que marcou época no Brasil nos anos 60 e 70. E que pode ser ouvido na Internet.
David Nasser teve artigos emblemáticos na política brasileira, como o que publicou quando da renúncia do presidente Jânio Quadros sob o título “Fomos seis milhões de loucos” e na série contra Leonel Brizola ao escrever “Brizola passa e o Brasil fica”, que provocou uma agressão física do político gaúcho no aeroporto do Rio de Janeiro a ele. Criou o título de “Velho Capitão” para o patrão Chateaubriand.
Teve na rede de televisões do grupo cinco minutos com o “Diário de um Repórter”, lido por Alberto Curi, o maior locutor daquele tempo, pois era bom de texto, mas péssimo de dicção. Bateu recorde de audiência.
Este genial personagem de décadas da vida brasileira sofre sistemática campanha de esquerdistas, querendo apagar sua vida e obra marcada pela defesa da democracia e o combate ao comunismo. Atento à questão da violência, já naquela época um drama nacional, foi o primeiro a defender os policiais, sempre acusados de excessos pela mídia de esquerda, quando os malfeitores eram, estes sim, ontem como hoje, autores de barbaridades. As homenagens e amigos entre os policiais alimentam até hoje seus inimigos. Um deles, que nem o conheceu, chegou a escrever um livro cheio de acusações requentadas.
Portugal, seu amor ao país e o prêmio recebido entram nas críticas, pois escreveu o livro nos anos Salazar. Ele, como o sociólogo maior Gilberto Freyre.
Neste momento quente que vive a política brasileira, e de muitos países, falta uma pena da dimensão da de David Nasser para a defesa da democracia e da livre empresa tão ameaçadas pelos herdeiros do comunismo.
Publicado em: jornal Diabo.pt 11/11/23