A economia brasileira neste ano 2024 merece um estudo pelas diferenças apresentadas em seus índices relativos à inflação, dívida, juros, crescimento, balança comercial, câmbio e consumo.
Os índices positivos brigam com o ambiente que é pessimista. E a origem está na política do governo Lula da Silva, hostil ao capital, à livre empresa, gastador, gerando conflitos internacionais desnecessários, como o enquadramento político com o eixo Moscou-Pequim. Roberto Campos, o genial avô do presidente do Banco Central de saída, costumava dizer que o grande injustiçado no Brasil era o empresário que gera emprego e renda, paga impostos e corre riscos. Entre os “arios”, dizia que todos podem ser operários, todos querem ser funcionários, e o missionário trata do pós-vida. Porém é o empresário que promove o progresso, trabalha e paga por seus erros.
A inflação vai bater no teto e deve chegar 5%. A desvalorização da moeda, real, está entre as maiores do mundo, o que estimula a inflação. O Brasil é a quinta maior inflação entre os membros do G 20 – Argentina, Turquia, Rússia e África do Sul têm taxas maiores e não parecem ser “boas companhias”. A esquerda, no Brasil e no mundo, procura culpar as empresas pela alta dos preços, o que é uma fraude. Inflação tem origem na expansão monetária, no déficit público e no endividamento irresponsável. Tudo na área dos governos. A dívida pública no Brasil vem crescendo, estando em 80% do PIB. É muito pelas características do país, embora o Japão tenha dívida de 260% do PIB; a Grécia, 200%; e Portugal, quase 100%. Mas, no Brasil, 30% da população recebem auxílio social e pouco produz. Na verdade, auxílio social-eleitoral, pois muitos beneficiados estão na economia informal.
O Brasil está em torno da 11ª ou 12ª economia do mundo. Em 1985, quando terminou o regime militar, era a oitava.
A balança comercial é poderosa, com superavit previsto de 75 bilhões de dólares; campeã na soja, açúcar, café, suco de laranja e proteína animal, além de minério de ferro e petróleo. Mas a dependência de adubos, fertilizantes e produtos médicos é grande. Embora com relevante indústria automobilística, importa muitos veículos e tem aberto as portas para os carros elétricos chineses. O Brasil é o quinto maior exportador do mundo, perdendo apenas para China, Alemanha, Rússia e Coreia do Sul.
O crescimento ficará em volta dos 3%, sendo fruto do consumo dos atendidos pelos projetos sociais que recebem e gastam. Logo, crescimento sem sustentabilidade. São estimados 40 milhões de pessoas atendidas. Os juros, em 12%, são outro complicador – e o consumidor paga os mesmos 12%, mas ao mês, no crédito rotativo dos cartões de crédito.
O mais complicado é que o governo perdeu a confiança dos mercados. Ninguém acredita nos esforços para cumprir o que está no orçamento do Estado.
Crise na economia é crise política também, e o governo não tem maioria no Parlamento. A imprensa começa a cobrar bom senso no trato da economia; os empresários, exceto banqueiros, reclamam; cai a lucratividade das empresas. O Judiciário colabora intervindo nas relações dos consumidores, como no caso dos planos de saúde, que atendem a mais de 50 milhões de brasileiros e, assim, melhora o atendimento no precário setor público.
Quem viver verá o desdobramento desta situação
Publicado em: Jornal Diabo.pt 14/12/24