Os problemas enfrentados pelo Brasil para chegar a uma estabilidade política, com consenso e diálogo, concentrando os esforços de todos para a melhoria das condições de vida da população, se devem em boa parte à pobreza dos quadros. Embora no Congresso se tenha valores positivos, no primeiro time de líderes, são pouquíssimos os homens em condições de conduzir um processo democrático sólido e equilibrado.
Um dos últimos dos moicanos é o presidente do PSD, Gilberto Kassab, um dos vitoriosos no recente pleito municipal, influente membro da equipe do governador Tarcísio de Freitas, em São Paulo, e com três ministros no governo federal. Lidera a maior bancada no Senado e é um dos três maiores na Câmara dos Deputados. Tem mostrado habilidade, independência e coerência ideológica.
Outro que tem se revelado é o governador Ronaldo Caiado, político com boa passagem no Congresso e no segundo mandato bem avaliado em Goiás. Em 1989, convém lembrar, disputou a presidência como líder ruralista. Seria o sonho do agronegócio que une todo o centro oeste. Tem personalidade, habilidade, carisma e muita categoria pessoal.
O terceiro é o deputado Aécio Neves, recuperado do acidente de percurso de que foi vítima, fruto destes tempos em que o jogo político baixou de nível. Mas sua vida de político experiente, hábil, um dos mais jovens presidentes da Câmara dos Deputados, filho e neto de parlamentares, foi o mais bem avaliado dos governadores de Minas nos últimos 30 anos. Aécio pode representar Minas numa composição política de centro, centro-esquerda, visto que a tradição mineira é de participar na linha de frente dos ventos políticos desde sempre. Foi assim em 30, 45, 64 e 85, com Tancredo, avô de Aécio, com Itamar na sucessão de Collor e no Plano Real. Perdeu por pouco em 2014, pela omissão dos tucanos paulistas, enciumados com seu sucesso. Fez duas gestões de muito êxito em Minas e elegeu o sucessor, na figura ímpar de Antonio Anastasia. Pode e deve ser ator decisivo em 2026.
O mundo está se livrando das disputas com fenômenos ocasionais, como correu esta semana nos EUA, com dois candidatos de baixa qualidade, em comparação com os do século passado. Esta eleição municipal talvez tenha sido a última em que Lula e Bolsonaro tiveram alguma presença, sem êxito, aliás. O eleitor mandou o recado de que o perfil mudou para a moderação, longe de temas ideológicos. O país – e talvez o mundo – cansou deste elitismo com tantos problemas na segurança pública, na saúde na distribuição de renda. Esta pauta é elitista e o povo percebeu.
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 07/11