Neste momento, a radiografia do Brasil é lamentável. A pandemia matando dois mil por dia, muitos por falta de leitos nas enfermarias de tratamento intensivo, respiradores e outros itens. A vacinação, única imunização conhecida, está lenta, embora mais de oito milhões de doses já tenham sido aplicadas. Faltam vacinas, embora o país tenha uma excelente logística nesta área ,em chegando, são distribuídas em poucos dias. Mas a burocracia e as implicâncias políticas barram a importação pelo setor privado, que, com as classes médias e as empresas que querem vacinar seus colaboradores, poderia acrescentar 15 milhões de brasileiros vacinados em poucas semanas. Nos últimos dias, é que se está tentando comprar outras vacinas, que não as duas com acordos de fabricação nos país, e liberar para empresas privadas importarem para doar ao governo. Medida parcial pois querem primeiro vacinar os prioritários pelo plano do governo.
A esse drama se soma os números da economia, a desvalorização da moeda, a desconfiança dos mercados depois da intervenção do presidente da República na Petrobras, a maior empresa brasileira e cotada nas bolsas internacionais. O Brasil, que foi a oitava economia do mundo, passou a décima segunda em poucas semanas. O novo pacote de ajuda financeira aos informais foi aprovado, com aumento do endividamento, e vai custar dez mil milhões de euros, que serão gastos em quatro meses. O governo tentou, mas não conseguiu que houvesse uma contrapartida dos governos regionais no sentido de dois anos sem aumentos salarias para o setor público. Mas ano que vem tem eleições e os governadores querem nomear e dar aumentos. Os funcionários púbicos não perderam os empregos, nem viram seus salários cortados. Falta liderança em todos os segmentos. O país está assustado.
Não fosse esse ambiente hostil a uma mínima recuperação da economia, com 14 milhões de desempregados, atraso na aprovação de reformas que poderiam atrair algum investimento e mais confiança, a crise na política volta, sempre pela atuação desastrada dos filhos do presidente da República. Dessa vez, foi o senador Flavio Bolsonaro, até aqui o mais bem comportado deles, que já responde a um processo por arrecadação de parte dos salários de seus assessores quando no Legislativo do Rio de Janeiro. Agora, ousou comprar uma casa em Brasília por um milhão de euros, e que tem dois mil metros de área construída, piscina etc. A questão é explosiva para o momento que o país vive e, em especial, para a família Bolsonaro, sob fogo intenso da mídia, onde está a oposição ao governo.
Não se trata de acusação de algum ganho ilegítimo, mas de inoportunidade, além da incompatibilidade dos vencimentos do senador e sua mulher, informadas as finanças e a prestação de cerca de três mil euros por mês do empréstimo obtido num banco do governo de Brasília. É natural que a manutenção de uma casa destas dimensões exija, pelo menos, três empregados fixos e alguns eventuais. Enfim, um desastre, como não faltasse problemas ao país, ao governo e à família presidencial.
O Brasil sairá dessa pandemia como um case, pois, sobreviver e manter uma economia ativa, com tantos erros e desacertos, fica difícil de ser entendido nos meios acadêmicos e financeiros internacionais. O que se torna incompreensível é a direção boa na economia, na ordem. Não temos agitação no campo, invasões de terras, que eram
frequentes, nem greves. As obras herdadas, e abandonadas, de governos anteriores estão sendo terminadas, nenhum escândalo significativo de corrupção. Tudo para o governo não ter os problemas que tem tido. Mas falta quem tenha experiência de poder na cúpula.
Isso é Brasil!!! O país do futuro…