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O turismo representa quase 15% do PIB da Espanha e, dos quase cem milhões estimados este ano, três quartos são de estrangeiros. No Brasil, são apenas sete milhões por ano – o mesmo que Madrid – e com a proporção inversa, apenas um quarto de estrangeiros e, destes, mais da metade da Argentina e Chile. A média mundial anda à volta de 7% do PIB e no Brasil está pouco acima de oito.
Quem olha os bilhões de dólares que movimentam o turismo nos EUA e na União Europeia, promovendo empregos, investimentos e significativa entrada de divisas, não entende a ausência de uma política mais agressiva por parte do Brasil. A Embratur dispõe de todas as informações e de quadro técnico de qualidade. Na medida do possível, tem feito alguma coisa.
Facilitar locação de filmes, estimular congressos, atrair navios de cruzeiros o ano inteiro, turismo religioso.
Falta incentivos, desburocratização, facilidades para operadores internacionais e ampliar a temporada de cruzeiros, área também em que o mercado tem sido predominantemente de brasileiros. Aliás, o incentivo desejável é o pós-investimento, ou seja, no faturamento ou nos lucros para baixar custos e preços.
Espanha e Portugal, que vivem um bom momento, tiveram o turismo sem planejamento e, por tal, hoje têm problemas para selecionar projetos voltados à alta renda. No verão, há cidades que bloqueiam seus acessos a carros de turismo pela incapacidade de absorver o movimento. E alojamentos de baixo custo não acrescentam progresso. O turista ideal é o que gasta pelo menos 300 dólares por dia entre alojamento, alimentação e transporte. Mas é preciso, ainda, preservar a relação preço- qualidade com outras ofertas nos mercados.
Os aeroportos pedem uma ação conjunta com os serviços de segurança e acesso para evitar filas nos horários de maior fluxo de entrada ou de saída de turistas. E, a nível mundial, já era o momento de eliminar revista que inclua cintos e sapatos, por exemplo. Excessos que beiram o ridículo.
A Embratur deveria ter uma verba de publicidade para uso fora do país em parceria com as empresas aéreas dos países emissores de turistas, que objetivamente poderia alargar a captação de turistas e agências de viagens.
Afinal, são os que têm acesso ao consumidor final. Também nos voos internacionais a ocupação tem sido majoritariamente de brasileiros. Muito bom que os brasileiros estejam viajando mais, mas temos de crescer também no mercado internacional.
Infelizmente existe muito preconceito ideológico contra o estímulo do turismo de luxo, mas se trata de um equívoco, uma vez que os programas sociais dependem do caixa do setor público. E o turista, no simples consumir, está pagando impostos.
A área parece órfã politicamente. Mas precisa ser olhado com pragmatismo pelo setor público e a sociedade.
Publicado em: jornal O Dia 08/12/25
