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A parcela da sociedade descontente com o atual governo parece estar dividida de tal forma que favorece o Lulopetismo no poder a ponto de viabilizar sua continuidade em 2026, mesmo que sem eleger governadores e melhorar sua presença no Legislativo.
Os bolsonaristas andam preocupados em defender e exaltar seu líder, o próprio Bolsonaro só pensa em se tornar elegível e manter a família com mandatos, em postura imperial; os filhos são príncipes contemplados com mandatos. A ideia de lançar o filho vereador no Rio a senador por Santa Catarina causou mal-estar no grupo político de estado politizado e rico em quadros.
Em nenhum momento admitem que a vitória de Lula em 22 foi construída justamente pelo isolamento do então presidente, que não teve alianças no segundo turno, nem conseguiu formar uma chapa com um vice que tivesse um mínimo de votos. Perdeu por pouco, apesar do bom governo com base em sólidos resultados. Mas a agressividade com que se relacionou com o Judiciário e as mídias tradicionais compôs um quadro que desembocou na derrota evitável. Faltou humildade e sabedoria para entender que a imensa popularidade não seria suficiente.
Os erros cometidos que levaram 38 milhões de eleitores à abstenção e ao voto nulo ou branco, além de descontentes que avançaram a votar em Lula pela rejeição ao então presidente, não serviram de lição. Mas continuam a ser o núcleo majoritário na oposição.
À medida que cresce a oposição entre políticos e as mídias não comprometidas com o bolsonarismo, surgem ataques a esta nova – e providencial – oposição, pois consideram que o combate às esquerdas seria monopólio deles.
Ao invés de saudar o reforço, as hostes oposicionistas atacam enfurecidos com cobranças das posições do passado. Não viram que Lula foi eleito com ajuda inconteste do vice, Alckmin, que no passado o acusava de coisas fortes, conforme circula na Internet trechos de discursos nas campanhas de 2022 e nas anteriores, em que o ex-governador de São Paulo disputou. O que interessava a Lula era a vitória e esta passava pelo aval de político moderado que agregasse. Os bolsonaristas preferem o isolamento, ignorando que a eleição tem dois turnos, e assim sendo, serão sempre os derrotados.
Atacam os que chamam de “isentões”, abrindo espaço para que milhões de descontentes optem mais uma vez pela ausência no pleito, favorecendo os que estão no poder e dispõem de apoio nas mídias e no Poder Judiciário.
Inacreditável o que está acontecendo na política.
Publicado em: jornal O Dia 01/09/25