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Semana passada, Murilo Badaró teria completado 84 anos. Poderia estar ainda conosco e prestando inestimáveis serviços a Minas e ao Brasil. Especialmente mostrando aos mais jovens que pode se fazer política com austeridade, probidade, espírito público e muita coragem.
Semana passada, Murilo Badaró teria completado 84 anos. Poderia estar ainda conosco e prestando inestimáveis serviços a Minas e ao Brasil. Especialmente mostrando aos mais jovens que pode se fazer política com austeridade, probidade, espírito público e muita coragem.
Murilo sempre foi homem de atitudes corajosas, pela vocação maior de estadista e não apenas de político na busca de mandatos ou cargos. Marcou sua época como exemplo positivo. E não usou o biombo da isenção para ser desleal ou ingrato com os companheiros de jornada. Cumprida a maior parte da carreira pública, revelou-se por inteiro como o grande intelectual, biógrafo dos maiores nomes contemporâneos da política mineira. Na presidência da Academia Mineira de Letras, foi impecável na ética, na correção e dignidade, numa continuidade de sua longa trajetória pública. Infelizmente, na sua sucessão, não recebeu o mesmo respeito que mostrou quando assumiu a cadeira do grande benfeitor da Casa, Vivaldi Moreira.
O jovem deputado estadual se formou no grupo de admiradores e seguidores de JK. Sua ligação com o grande estadista o colocou em risco, apesar de ter sido um revolucionário da primeira hora. Mas a solidariedade ao movimento redentor nascido em Minas não impediria o vigoroso discurso com que condenou a cassação de JK, por imposição despropositada de Carlos Lacerda. Depois exerceu os mandatos de deputado federal, com destaque, numa bancada mineira de nomes consagrados. No Senado, foi presença decisiva na política de abertura do presidente João Figueiredo e, como ministro da Indústria e do Comércio, deu continuidade ao excelente trabalho desenvolvido pelo seu antecessor e coestaduano João Camilo Pena. Sempre respeitado pela correção e lealdade aos homens e as ideias de seu tempo.
Lembrar Murilo Badaró, oriundo de um PSD que deu a Minas e ao Brasil exemplares homens públicos, desde Capanema, Alkmin, Valadares, JK, Bias Fortes, Pio Canedo,Tancredo Neves, Ozanan Coelho, neste momento que vive o Estado e o país, é oportuno para que não se perca as esperanças de uma volta da dignidade na política local e nacional.
Murilo Badaró pertenceu – e foi talvez o último dos moicanos – a uma geração que pautou a vida pública com a mesma correção da vida pessoal e familiar. Nada de receber por serviços ou palestras não prestados, nada de fazer do casamento um negócio escuso, nada de ter contas pagas por terceiros. Nada de perseguir, de esconder, de falsear. Foi bom cidadão no sentido integral, completo.
Não cedeu às ameaças dos viciados na obtenção de vantagens oficiais, independente dos ventos.
Minas tem boas reservas éticas e morais que sabem resistir com altruísmo o jogo baixo da política que tomou conta do Brasil. Existe uma justiça no final deste túnel, como se viu na recente exclusão do ex-governador e senador Antonio Anastasia de processo em que nunca deveria de ter entrado, como exemplar homem público que é. E Minas tem uma tradição de doação por gerações ao interesse nacional, do que é exemplo maior os Andradas, de Barbacena, mas com exemplos mais recentes como os dos jovens Gustavo Correa, Agostinho Patrus, Bilac Pinto, Paulo Abi-Ackel, Bernardo Vasconcelos, Aécio Neves Cunha.
Um banco de experiências acumuladas assim reforça a crença na democracia. E dá a confiança de que os equívocos do bom povo podem e devem ser naturalmente corrigidos.