O jogo começou e, apesar de boas jogadas, nada de concreto em termos de resultados, para tranquilizar a torcida. Esta é a realidade nacional.
A economia patina, o desemprego não cede, os investimentos não acontecem. As concessões vendidas foram positivas, mas não se resolveu as pendências que amarram o país, como os casos dos acessos ao Rio na Via Dutra – descida da serra e na Washington Luís – e a nova subida da serra. Notícias positivas, e pouco divulgadas, é a ação intensiva do Exército para entregar o trecho caótico da Cuiabá-Santarém ainda este ano.
O Ministério da Educação, que perdeu cem dias, foi incapaz de, pelo menos, restabelecer o nome do Almirante Rademaker no pavilhão da unidade do Pedro II de São Cristóvão, no Rio, arrancado pelo ódio ideológico. O ilustre brasileiro foi aluno e ajudou o colégio.
A inexperiência em relação à gestão pública imobiliza estados importantes e em crise grave, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, onde os governantes, parece que muito bem-intencionados, ainda não se integraram com as forças vivas locais. Vivem o chamado isolamento do poder. É claro que, para que isso se perpetue, não faltam os cortes, que historicamente levam governantes a este divórcio da sociedade.
O presidente tem um bom programa e uma boa equipe. Tem mostrado coragem ética e moral para colocar o interesse nacional acima de qualquer ambição de caráter político ou pessoal. Mas não pode repetir casos como o do preço do óleo diesel, que derrubou as bolsas e as ações da empresa em processo de recuperação.
Mesmo na segurança pública, clamor nacional, foi incapaz de blindar os presídios dos sinais de celulares, através dos quais os bandidos orientam ações de seus comandados. E as polícias ainda não receberam armas com laser, que torna mais difícil a preocupante bala perdida.
A perda dos cem dias pode custar caro em termos das reformas. A sociedade está madura para aprovar eventuais sacrifícios e não haverá parlamentar com coragem para dificultar a solução da crise – fora os radicais de sempre, e em minoria.
Urge tornar, via proposta ao Congresso, nosso Judiciário mais célere e definir dúvidas como a polêmica questão do cumprimento da pena em segunda instância, que merece uma regulamentação. Condenado mais de uma vez em segunda instância, ou respondendo a mais processos semelhantes, não pode aguardar recursos em liberdade. Um réu primário, sem outros processos, até poderia sem estimular a impunidade. Parece claro.
Enfim, precisamos urgentemente de respostas, de resultados, de mais empregos, de desmontar uma estrutura de estatais que precisam ser desidratadas, como é o caso da Petrobras. Mas temos de melhorar e simplificar impostos, gerar ambiente favorável aos negócios, terminar a reforma trabalhista e apressar a da Previdência, indubitavelmente a mãe das reformas. Sem ela, podemos ficar parados, cumprindo o triste destino de país agarrado ao erro.