A Assembleia do Rio mergulhou na questão dos trens que atendem aos subúrbios e à Baixada Fluminense, e a ação dos parlamentares já começa a dar frutos. O governador Cláudio Castro tem se mostrado interessado em ver logo atingidas as metas de qualidade nos serviços e aumento de passageiros, que pode dobrar em pouco tempo, dando qualidade de vida para centenas de milhares de trabalhadores.
A questão é complexa e não pode, nem deve, ser tratada com ideologia, como se verifica nas intervenções das bancadas de esquerda. Estes, como se sabe, não querem o bem do povo, mas sim liquidar a livre empresa, custe o que custar.
A empresa não sabe o que é um serviço público, uma concessão com implicações na vida de significativa parcela da população. Mesmo problema das concessionárias de energia que atuam no Estado. Curioso é que estas empresas são as maiores prejudicadas com esta visão estreita e, com isso, tem dificuldades para prestar bons serviços e auferir lucros legítimos. No caso da Supervia, ela vem perdendo dinheiro e foi obrigada a negociar dívidas.
A empresa, com um mínimo de sensibilidade no trato com o poder público, poderia muito bem obter uma ação policial mais efetiva no combate ao roubo de cabos, responsável maior por paralizações que penalizam o usuário dos trens. E, no setor social e habitacional, seria bem-vindo um programa de remoção das casas no entorno da linha férrea.
Cabe ainda a autoridade policial preservar as estações dos atos de vandalismo e da indisciplina que provoca superlotação dos trens. Parece claro que a empresa teria dificuldades de controlar os acessos sem o uso de um mínimo de força para evitar indisciplina.
A Assembleia já obteve resultado positivo com a breve volta da linha expressa de Santa Cruz, e poderia ter mais duas ou três em estações com grande demanda, como Cascadura e Nova Iguaçu.
O Rio vive este momento de um governo aberto ao diálogo, sem ideologia que não a de resolver problemas e não criar polêmicas. Todos sabem que a gestão privada já melhorou o serviço prestado pelos trens, mas falta muito para ter o mesmo número de usuários de 30 anos atrás. O que pede a união de todos e uma visão realista do quadro delicado de se atuar em área frequentada e usada por marginais indiferentes ao sofrimento de uma população que chega ao trabalho cansada. A simples volta da linha direta de Santa Cruz pode economizar mais de uma hora por dia a seus usuários.
O desafio é justamente o de unir vontade política, postura empresarial realista – minimamente humilde – e solidariedade aos que sofrem com as deficiências dos serviços.
Publicado em: Jornal Correio da Manhã 19-07-2022