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Impossível ignorar a presença de António de Oliveira Salazar no imaginário português, especialmente em períodos eleitorais. Os livros sobre o estadista são editados e esgotados. As referências às suas qualidades e realizações fazem parte do cotidiano da sociedade. Entretanto seu nome não é pronunciado nos debates e comentários nas diferentes mídias. O que pode justificar esta cortina de silêncio?
Uma interpretação que apequena a classe política e afeta a qualidade da democracia é o receio das críticas das mídias majoritariamente de esquerda.
Os partidos mais à direita são identificados com aspectos marcantes do salazarismo e regimes semelhantes, como a segurança pública, a ordem nas ruas sem o seu uso para moradia, a austeridade, a honestidade dos ocupantes de funções públicas e o ambiente favorável ao investimento privado.
Uma parcela significativa do eleitorado pede um basta na pauta das esquerdas na tolerância com greves frequentes nos transportes, aeroportos e serviços de saúde, todos vinculados ao setor público. E nas políticas populistas de gastos públicos que não os básicos de segurança, saúde, educação.
Muitos países da União Europeia, e não apenas Portugal, estão convivendo com o preocupante endividamento público e das famílias. A economia que mostra a orientação mais bem avaliada é a italiana, que procura pelo menos estabilizar a dívida, apoiar o investidor e promover o progresso. Bem avaliado internamente, o governo é alvo de críticas nas mídias europeias. O mesmo cerco sofre a Argentina, que corre o risco de naufragar diante de um resultado infeliz nas eleições deste mês.
Tão grave quanto as guerras pode ser a instabilidade nas economias do G 20, que fazem rodar a economia mundial. Crise na economia leva ao desemprego e este, à instabilidade social.
O cerco à lembrança de boas referências do passado recente, salazarismo e franquismo na Europa, governos militares no Brasil, deve-se a esta narrativa de demonizar o que denominam de “extrema direita”, na tentativa de apagar da memória nacional pontos positivos daqueles anos.
O chamado centro democrático tem cometido o grande erro de se deixar intimidar pela narrativa de esquerda e ignorar o real significado do crescimento da nova direita. Preferem governos instáveis ou alianças mais à esquerda a atender ao grito popular contra a demagogia que estimula gastos, mais impostos e menos investimento.
A postura do centro, que tem bons quadros, isola uma direita que carece justamente de gente capaz de interpretar e executar o que o momento está a pedir.
Não parece tão difícil assim atender à receita da ordem e do progresso, que passa por mais segurança, menos impostos, melhores salários, austeridade nos gastos. Não é momento de menos horas trabalhadas, nem de endividar a população em nome de um ilusório aumento no consumo.
O mundo precisa de juízo!
Publicado em: jornal Diabo.pt 11/10/25