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Este debate sobre anistia a envolvidos na barbaridade de 8 de janeiro, ato indigno que nos faz lembrar das badernas impunes promovidas pelas esquerdas contra o Congresso Nacional, ocupações frequentes de próprios federais, precisa ser encarado com seriedade e não com este passionalismo que apequena os atores dos dois lados.
Está mais do que claro que não “houve golpe”, mas tentativa inconsequente de evitar a posse do eleito em pleito aceito pelas forças vivas da nacionalidade. Tivesse sido a eleição fraudulenta, o Congresso vigente ou o eleito teriam se manifestado e o Judiciário, apresentado alguma divisão, ou ainda as perícias promovidas pelas Forças Armadas, registrado algo de fundamento. Também não provocou convulsão popular e muito menos na economia. Só os radicais seguidores de Bolsonaro, ele próprio e sua família não aceitaram a manifestação das urnas. As reuniões de meia dúzia de trapalhões podem se constituir em crimes políticos. E os militares, com altas funções, presentes nas reuniões teriam de atender à convocação, pois estas partiam nada mais, nada menos do que do próprio presidente da República, ,por subordinação ao chefe. O general Augusto Heleno nem esteve em qualquer reunião sobre o tema, não teria, portanto, nem de estar sentado no banco dos réus.
O país está perplexo com o tamanho das penas a cidadãos que foram levados a um ato irresponsável, mas, ao que se sabe, todos sem nenhum registro criminal em suas vidas. Foram inspirados no patriotismo e induzidos por lideranças covardes e distantes do palco dos acontecimentos.
Bolsonaro teve culpa ao apadrinhar os ridículos acampamentos, como o Exército justificou a tolerância nas proximidades de guarnições militares, e o governo Lula teve uma semana para o fazer e não fez. Águas passadas.
Caso o movimento da anistia não seja uma opereta para resgatar o desastrado ex-presidente, o justo poderia ser penalidades políticas para crimes políticos, ou seja, inelegibilidade e proibição do exercício de função pública por oito anos. Assim, os ingênuos iriam para casa e os equivocados ficariam fora da política.
Mas está visível no comportamento da família Bolsonaro e do próprio que o objetivo é devolver a elegibilidade e não cuidar de resgatar os presos e os com processos em andamento.
Falta a Bolsonaro e sua família a grandeza de mostrar espírito público e assumir suas responsabilidades diante de fatos exaustivamente testemunhados por brasileiros responsáveis, como os comandantes militares por ele nomeados. Nenhum, supõe-se, partidário do atual governo.
Uma reflexão a ser considerada.
Publicado em: CORREIO DA MANHÃ 128/09/25