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Tem prosperado no mundo a imposição de leis voltadas para reescrever a história ou simplesmente tentar apagar da memória popular nomes que no passado marcaram seu tempo e ainda possuem admiradores ou seguidores de suas bandeiras. Estes movimentos de intolerância, desrespeito ao pensamento alheio e promoção autoritária do esquecimento infelizmente têm sido passivamente aceitos pelos que deveriam defender a liberdade, a democracia, independentemente de ideologia. E a história.
Estas iniciativas alimentadas pelos ressentimentos vêm crescendo de maneira preocupante em todo mundo. Mas, para ficarmos em Portugal e no Brasil, é inacreditável que não se possa negar que parte significativa da população tem posições mais conservadoras e de direita, incluindo os períodos em que as circunstâncias exigiram medidas de exceção como o mal menor, nos países que foram levados a lideranças fortes, como Salazar, em Portugal, e Vargas e os militares, no Brasil. Em ambos os casos, o que parece inquestionável é que a opção a estas lideranças e a seus regimes era o comunismo, no modelo que foi implantado em Cuba. Nos dois regimes, houve censura, inadmissível nas democracias, mas muito suave, se comparada a dos países comunistas, onde inclusive os jornais e demais mídias eram todas públicas. O direito de ir e vir nunca foi negado, assim como o empreender e o respeito à propriedade. Não é correto comparar os dois sistemas. Os de direita autoritários e os de esquerda totalitários.
Mais curioso é que o bloco do centro para a direita não costuma ter a iniciativa de condenar ou tentar impedir homenagens a coniventes com regimes fechados. No Brasil, são centenas de logradouros públicos em homenagem a militantes de esquerda, muitos envolvidos em crimes de sangue, sequestros, prisões arbitrárias etc. mas querem eliminar os conservadores.
Membros do período militar no Brasil são alvos de campanhas permanentes e, em muitos casos, já com sucesso. Afronta inclusive as Forças Armadas, pois os militares que estiveram 21 anos no poder não tiveram nenhum envolvimento em casos de corrupção e mesmo de violência policial, missão confiada a um segmento determinado, como em todo mundo.
Em Portugal, a ignomínia de se procurar apagar a lembrança de Salazar, que tem o apreço de parte significativa da população. Os livros sobre o estadista se sucedem com sucesso junto ao público leitor. Mas nem o CHEGA faz referência ao nome maior da direita portuguesa, seus feitos e sua doutrina na segurança pública, por exemplo. E no momento em que Portugal vê crescer a ação de infratores nos assaltos a residências os anos de segurança são lembrados. Decorridos tantos anos ainda se procura alterar os poucos locais remanescentes na lembrança do austero governante por mais de quatro décadas do país. Sociedade omissa que assim favorece aos que negam e querem lhe negar seus valores.
Depois a chamada burguesia e as classes médias não poderão reclamar do provável atraso na economia, nos direitos políticos e nos direitos humanos. Os regimes que inspiram estes segmentos mais à esquerda são conhecidos de todos, como Venezuela, Nicarágua, Cuba.
Nos últimos 50 anos, boa parte do tempo, em ambos os países, esteve sob tutela esquerdista e os problemas não foram resolvidos. Nem encaminhados. Alguns agravados.
Brasil e Portugal terão eleições este ano. O eleitor deveria ser mais informado sobre o que está em jogo, o que cada lado fez, no que acreditam.
As direitas acreditam no trabalho, na ordem, na liberdade, no mérito e no respeito.
Publicado em: site Jornal Diabo.pt 02/03/24